Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 19 de abril de 2014

O meu querido distintivo de lapela.



Conversa ao pé do fogo.
O meu querido distintivo de lapela.

Quem já teve nunca o esqueceu. Uma época que tínhamos que correr atrás para conseguir um nas lojas escoteiras. Quando vi o meu pela primeira vez me encantei. Só não chorei porque o meu sonho agora era real.  Pequeno, dourado, com uma linda flor de lis em cores verde e amarelo. Minha mãe me entregou e disse: - Um presente que seu tio Vadim trouxe para você do Rio de Janeiro. Parecia que ele foi feito para mim. Até seu formato era a Flor de Lis perfeita. Com sua presilha se prendia facilmente na gola da camisa ou no paletó social.

Foi uma época de identificação de qual organização você pertencia. Era comum vermos os rotarianos, os do Lions Club, e tantas outras organizações onde todos postavam com orgulho o seu botton de lapela. Os padres também usavam o seu. O prefeito também. Na Câmara de Vereadores idem. Naquele tempo não saímos por aí com o lenço no pescoço tentando nos identificar de maneira diferente. O botton era tudo.

E que orgulho amigo eu o colocava na lapela e íamos desfilar para que os outros soubessem que ali estava um Escoteiro. Quando pela cidade encontrávamos alguém com ele, logo corríamos para cumprimentar: Sempre Alerta! Escoteiro de onde? Prazer. Eu sou da Patrulha Raposa. Abraços, aperto de mão, histórias, lembranças tudo em questão de minutos era conversado entre nós. Nossos chefes nos ensinavam que o uniforme se vestia completo. Nada de usar peças por aí. Usar só o cinto? Nem pensar.

Um dia resolvemos fazer uma vaquinha, que rendeu além do esperado. Todos que participaram do Grupo Escoteiro na minha cidade e aqueles que procuramos colaboraram. Como se fosse hoje, chegamos a ter mais de cinco mil reais! Uma fábula para a época. Para que? Para custear uma viagem de um "Chefe" Escoteiro até a capital, o Rio de Janeiro. Motivo? Comprar distintivos de lapela para todos os ex-escoteiros e todos os participantes do Grupo Escoteiro. E lá foi ele sorrindo, mais de vinte e duas horas de viagem. Não reclamou. Claro, todos nós gostaríamos de estar no lugar dele.

Aproveitamos para ver se sobrasse algum dinheiro para ele comprar também a moeda da boa ação. Quem não tinha? Eu já tinha a minha há tempos. De manhã bolso esquerdo. Feita a boa ação, bolso direito. Claro, nunca nos contentávamos e voltávamos para o bolso esquerdo novamente como a dizer: - Uma boa ação só hoje? Nunca! Tinha de ser várias. Pelo menos mais uma e mais uma. Quando o "Chefe" Escoteiro retornou, foi uma apoteose. Contando da viagem, do Rio de Janeiro, como era o mar, as praias, Copacabana, e como era a loja Escoteira.

Ele contava maravilhas. Quantos distintivos tinham lá. Quantas coisas bonitas. Quantos livros. Trouxe até um que ia passar de mão em mãos para que o lêssemos. O Guia do Escoteiro do "Velho" Lobo. Lindo! Espetacular! Quando o levei para casa não queria dormir. Ficava ali sentado na cama lendo, relendo. Coisas do passado. E pensando no "Chefe" Escoteiro que viajou ao Rio de Janeiro nós também ficávamos ali a sonhar em um dia ir lá também. Naquele dia mesmo inundamos a cidade com o distintivo de lapela. Quando seu Leôncio o prefeito recebeu o dele, logo colocou com orgulho (fora Escoteiro quando menino). Agora todos sabiam quem eram ou quem foi escoteiro na cidade. E claro, um orgulho em usar na escola, no trabalho (eu era engraxate) na igreja, ou seja, em qualquer lugar. Não precisa dizer – Era como o distintivo de lapela falasse - Olhem! Estou sem uniforme, mas sou Escoteiro de coração!

Meu lindo distintivo de lapela que nunca esqueci. Se vocês tiverem um devem sentir o que eu sentia. O orgulho em usar e dizer aos quatro ventos: - Eu sou um Escoteiro! Se os políticos lá no seu habitat usam eu não sei. Mas ainda lembro-me de muitos profissionais, médicos, engenheiros e tantos outros que orgulhosamente o colocavam como a dizer, sou isso mesmo, esta flor de lis fez parte da minha vida.  Eu sempre amei o escotismo e hoje sou o que sou graças a ele.

São coisas do passado. Passado que já se foi. Mas que ficaram gravadas até hoje no presente. Será que hoje ainda tem alguém que usa a linda Flor de Lis de Lapela em todos os lugares que vai? Que se orgulha em se mostrar como Escoteiro? Claro, tenho certeza que sim. Mas porque escrevo isto? Não sei. Gosto de lembrar-me dos meus velhos tempos e quem não gosta? Foram tantas e tantas coisas que marcaram. Que valeram em minha vida no Movimento Escoteiro. Por isto minha luta em manter certas tradições que combatidas por outros nada provam se o mito do passado não pode também se erradicar no presente.

Vamos passando, passando, pois tudo passa / Muitas vezes me voltarei / As lembranças são trombetas de caça / Cujo som morre no vento.

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