Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

terça-feira, 22 de abril de 2014

A fantástica lua de mel do Chefe Rosinha.


Crônicas escoteiras.
A fantástica lua de mel do Chefe Rosinha.

         Pelo amor de Deus! Lembrar-me dele de novo? Nunca em minha vida conheci alguém como o Chefe Rosinha. Nem sei como no grupo eles não diziam nada. Quem sabe pelas suas histórias, pelo seu jeito encantador que deixava as escoteiras e guias sorridentes, ou pela sua maneira prestativa, mas era chegar ao fim da reunião ele procurava algum Chefe – Chefe Nonato, tem dez paus para me emprestar? – Nonato coitado era um amor de Chefe e não sabia dizer não. Ele tirou da carteira dez reais e deu ao Chefe Rosinha. – E os mais de duzentos que você me deve Chefe Rosinha? – ele sorriu com aquela cara de besta e dizia – Você sabe, meu casamento é em novembro faltam três meses. Como lhe pagar com as despesas que tenho? Ele devia a cidade inteira. Pegava mal para o Grupo Escoteiro. Donato o Chefe do Grupo resolveu fazer um Conselho de Chefes para discutir o assunto. Ninguém concordou em mandar o Chefe Rosinha embora.

       Chefe Rosinha conheceu Anita na parada de Sete de Setembro. Ele logo apaixonou por ela. Ela estudava no Colégio Aparecida e no desfile se encontraram. Ela de uniforme escolar e ele de Escoteiro. Apaixonaram-se. Foi um amor de duas pessoas idênticas. Anina também não gastava. Cada tostão ela guardava. Mordia a língua para não comprar supérfluos. Todos benzeram o casal afinal eles iam se dar muito bem. Até aceitavam que ele continuasse no grupo, pois além de sua simpatia todos se divertiam com seu estilo. Um dia um chefe novato não sabia como era ele – Chefe Rosinha! O senhor poderia me emprestar quarenta reais? Fique tranquilo que pagarei sem falta na próxima reunião! – Ele sério respondeu – Prá que quarenta? Trinta é muito, vinte não! Penso em lhe dar dez, mas acho que cinco é o suficiente. Tome aqui um real e na semana lhe dou o saldo!

       Eles casaram em uma quinta, pois era mais barato na igreja e no civil. Ele era amigo do Juiz de Paz e tentou tudo para o casamento no civil fosse grátis. Mas Seu Zenóbio foi inflexível. – Nem pensar Rosinha. Eu te conheço bem. Ou paga ou não casa. Rosinha ficou fulo, chamou Turquinho um sênior muito amigo do filho do Seu Zenóbio e pediu a ele por misericórdia que tomasse duzentos reais emprestado do Seu Zenóbio. Ele não deveria contar para quem era. No dia do casório no civil Rosinha e Anita se casaram no civil. Depois de tudo assinado Rosinha bateu no ombro do seu Zenóbio – Obrigado amigo pelo empréstimo dos duzentos que o Turquinho lhe pediu emprestado para mim. “Fique tranquilo que um dia te pago”! Seu Zenóbio sabia que nunca mais iria ver a cor do  dinheiro!

          O grupo ofereceu uns comes e bebes, mas poucos. Não é que o casal saiu mais cedo da festa? Levaram uma bolsa cheia de guloseimas que os Escoteiros compraram para os convidados! Sei não, um Chefe Escoteiro uma vez me disse que o pródigo é arrogante e o avaro é mesquinho. É preferível a mesquinhez a arrogância. Seria verdade? Uma semana depois de casados, eles moravam na casa da Mãe de Anita souberam do acampamento. Chefe Rosinha pediu cinco dias de folga e Anita que era professora pediu também. Insistiram com o Chefe Nonato para eles participarem. Sabiam que seria na fazenda do Inácio Sapoti. Ele não podia ver os Escoteiros que oferecia tudo. Quando o ônibus chegou à fazenda os dois saltaram e procuraram o Inácio – Seu Inácio! Disse Chefe Rosinha, eu e a Anita casamos na semana passada e não seria de bom alvitre ficarmos lá no acampamento dos Escoteiros.

         Claro que Inácio iria convidá-los para dormir em sua fazenda. Foi uma verdadeira lua de mel de cinco dias. Comida farta, um quarto enorme só prá eles, e toda a manhã frutas frescas. O acampamento terminou e eles tiveram que voltar no ônibus. Inácio caiu na besteira em convida-los a voltar e claro eles voltaram nas ferias. Vinte e nove dia comendo e dormindo de graça! Em um Conselho de Chefes Chefe Rosinha pediu a palavra – Sabem meus amigos, a Anita queria participar dos lobinhos, vocês sabem ela é professora, mas ela não tem como fazer o uniforme, então eu pensei que vocês poderiam se cotizar e fazer um bem bonito para ela, mas tem de ser completo com meião e cinto! Todos olharam para ele e viram em seu bolso e ouviram uma voz fininha: - Estou contigo e não abro! Era a carteira de Rosinha o Escoteiro mais pão duro que existiu.

         Para dizer a verdade eu não sei como aguentaram Chefe Rosinha por tanto tempo. Nunca pagou nada. Fez seis cursos todos pagos ou pelo grupo ou pelo chefes amigos dele. Amigos? Acho que por causa da sua conversa, do seu sorriso e da sua alegria a maioria o aceitava. Mas no sábado à noite depois da reunião foram todos para uma choupada. Na maioria das vezes Chefe Rosinha não ia. Sempre tinha alguém para lhe falar umas verdades, pois ele nunca colaborava. Desta vez foi e levou Anita sua esposa. Contou piadas, riu a beça e até cantou musicas escoteira que muitos se surpreenderam. No final Bruno Cara Feia foi escolhido para recolher a parte de cada um. Ele era um Chefe novato e não sabia como era o Chefe Rosinha. Quando ele foi cobrar ele disse – Olhe Bruno, pareço egoísta, mas sempre deixo a satisfação de pagar a conta no bar para meus amigos. E começou a rir. Chefe Bruno não gostou. Foi preciso da intervenção dos demais para não saírem no braço.

       Chefe Rosinha saiu do grupo. Todos só foram saber o que aconteceu muitos meses depois. O danado ganhou um milhão e meio na Loto fácil. Sumiu de um dia para o outro. Sabia que iriam morar na frente de sua casa para receberem o que ele devia. Mais da metade da cidade. Dizem que ele foi morar em São Francisco do Sul. Até hoje o Grupo e a meninada sentem falta dele. Afinal era um boa praça, um pandego e claro um tremendo de um pão duro. Um dia apareceu na TV, levado pelo delegado por não pagar dividas. O pior é que estava de uniforme Escoteiro. Pode?

Os dez mandamentos do pão duro:

  1. Nunca dizer: "Pode ficar com o troco".
  2. Não colocar a mão no bolso em vão.
  3. Amar seu bolso como a si mesmo.
  4. Lembrar que tudo tem sem preço. Então, vamos às promoções!
    Pechinchar sob todas as formas.
  5. Desperdiçar.
  6. Ir a compras somente aos domingos, quando quase tudo está fechado.
    Valorizar cada centavo.
  7. Analisar o custo/benefício.
  8. Emprestar sempre com juros. Jurar é pecado. Cobrar juros, não!
  9. Valorizar cada centavo.
  10. Analisar o custo/beneficio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário