Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

terça-feira, 28 de abril de 2015

As melhores sopas do mundo.



Conversa ao pé do fogo.
As melhores sopas do mundo.

                      Quais são? Não vale quem disser que é a da mamãe. Ou da esposa. Ou da sogra, ou do restaurante tal. Estas estão fora da competição. Sabe quais as melhores? Aquelas que você deglutiu em um acampamento Escoteiro perdido por ai. Acredito que foram tantas que você assim como eu tivemos o privilegio de comer ou tomar com vontade (dependendo da sopa). Quem não se lembra? - Olhos vidrados na sopa, esperando, prato na mão, a fumaça saindo, a saliva estalando e esperando a colher do cozinheiro que nunca vem. Uma fome imensa! Ficar ali olhando o fogo e a sopa que não termina. Ver a sopa fervilhando e o cozinheiro dizendo – Ainda não está no ponto! Ali quem manda é ele! Mandão! É o dono, ainda olha prá gente com jeito de gozação. E tremer de raiva quando ele vai com uma colher, tira uma pitada e diz – Acho que está boa de sal!

                   Sopas. A especialidade de um bom cozinheiro e até daqueles que se arriscam e vão para a cozinha fazer. Digo cozinha no campo de Patrulha. Não em casa, quentinho, fogão a gás, TV ligada, internet tudo a mão e a turma na sala esperando a chamada com uma cervejinha na mão ou um vinho quente. Nada disto. As melhores sopas do mundo estão lá no acampamento. Quem as fez ou saboreou sabe disto. Quantos tipos de sopas? As com açúcar, pois trocaram o sal. As sem sal, pois acharam que colocaram. As sem caldo, pois deixaram secar demais, as queimadas, pois desde o inicio sapecaram gravetos até que o macarrão tostou. Não esquecer as das folhas soltas, matinhos caídos tudo vale. Esqueceram-se de colocar a água e virou um grude enorme, isto são especialidades de todos os cozinheiros Escoteiros ou escoteiras. O que? Sopa com folhas que caem das arvores misturadas com ciscos do vento? Gostosíssimas! Risos.

                      Sempre gostei de sopas. No passado nossa ração “A” para dois dias acampados dizia – Arroz, feijão, batata e macarrão. De vez em quando na ração se colocava uma linguicinha, desde que alguma família de um escoteiro da Patrulha tivesse matado algum capado (porco). Ai quem sabe era festa. Tinha torresmo, carne frita, e podia-se dar ao luxo de levar também um bom pedaço de chouriço. Bem acho que tem muitos que não sabem o que é isto. Mas voltemos às sopas. A mais importante era a de macarrão com batata (uma linguicinha picada nela só para dar o gosto). Era bom, muito bom. Sem sal? Gostosas. Como diz a amiga a pedrenta? Sensacional. (vento e areia, panela sem tampa).

                    As sopas sempre foram o hit dos manjares escoteiros. Todos achavam que eram fáceis e rápidas para fazer. Um fogão tropeiro, um bom caldeirão, umas achas de toras em volta para sentar e esperar a noite que chegava de mansinho. Os olhos vidrados na sopa. Todos esperando. O cozinheiro era um ditador. Mandão supremo. Um Hitler Escoteiro. A gente morrendo de fome e ele não ligava ou não tinha fome sei lá. Quantas sopas nas noites escuras, a chuva caindo, trovões, raios, e a gente ali em volta do fogão. Podia chover canivete. Um bom toldo, lenha no lenheiro protegida. Que chovesse a cântaros. Não se arredava o pé. A sopa quente o fria sempre saia.

                   Sei que cada um de vocês aqui se pudessem escrever mais deste artigo teriam casos e “causos” para contar e lembrar. E quem não tem? Darcy o piolho, não era o cozinheiro. Resolveu quebrar o galho. Fumanchú faltou. Dois pedaços de linguiça no almoço. Acabou. No jantar seria só sopa pura. Pegamos uns lambaris para fritar. Mas na sopa fiados de linguiça. De onde vieram? Sopa gostosa e danada de boa. Anos depois ele contou. Fumou escondido. Estomago não aguentou. Panela sem tampa. Agora Sênior o jogamos nas águas do riacho com roupa e tudo e um frio de lascar. Mereceu o nojento!

                     Mas a minha melhor foi quando fomos ao Pico da Bandeira. Metidos a conhecer o caminho. Perguntamos em Caparaó. Subida calma, iniciada às duas da tarde. Seis da tarde, oito da noite, nove, dez, meia noite. Perdidos! Paramos ali no mato. Muito colonião e samambaias enormes. Uma pequena picada e um fogão tropeiro. Agua dos cantis. Uma pequena sopa. Meu Deus! Duas da manhã, que sopa de macarrão linda! Que gostosura! Que manjar dos deuses! Um olhando para o outro, uma fome miserável e ai... Um raio no céu, trovões, o local não dava para armar as barracas de duas lonas. Jogamos por cima. Choveu a cântaros. Sentados juntos lado a lado dormimos. A sopa? Virou agua de chuva. De manhã um céu azul, um sol lindo. Caminho encontrado e a sopa? Gostosa demais com agua e tudo.


                       Sopas. Cada uma tem uma história. São tantas que me dá vontade de tomar uma sopa de cebola pura. Ou de maxixe ou de mamão, ou de mandioca não importa. Que seja a de macarrão com batata a mais conhecida pelos meninos cozinheiros. Quem sabe salpicar um pouco de linguicinhas? Adoro-as. Trazem-me tantas lembranças! Os tempos se foram. Hoje só a sopa de casa. Dos acampamentos só as saudades. Meus amigos que ainda acampam, aproveitem. Façam sopa. Verão que cada sopa tem uma história e a história ficará marcada na mente para sempre. E quando a idade chegar e lembrar sentirá o gosto a salpicar a língua, a vontade de voltar lá no passado, saborear a sopa quente, sopa fria, sem sal ou com açúcar, com matinho ou areia não importa. Belas sopas que se foram, mas ficaram as lembranças e delas eu não esqueço nunca!

Um comentário:

  1. Sopa nas noites frias, nada melhor mais rápido, esquenta todos os corações, até a de pedra rsrsrsrs.

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