“Imperador”
Era seu apelido na fábrica.
Apenas um operário. Tinha orgulho do que era. Andava como acreditava que um
homem honesto anda. Respeitoso mas nunca subserviente. Quem sabe o motivo por
ainda não ter uma função melhor remunerada. Tinha família Esposa e filho.
Sempre acreditou que seria para ele seu espelho. Irredutível nunca faltou com a
verdade. Dizia ao seu filho que o homem sem honra não respeita a si mesmo. Um
dia ele pediu para ser Escoteiro. Já tinha lido a respeito. Uma escola de
caráter pensou. Um bom lugar para seu filho. Gostou do que viu e pensou em
participar. Foi aceito, muitos o cumprimentaram outros não. Era um grupo
considerado Padrão. Ouro Chefe! Disseram-lhe. Ficou como assistente longe do
filho. Queria que ele aprendesse a andar com suas próprias pernas. Um dia ele
iria ter sua própria vida e ali era a escola para isto.
Oito meses depois começou a se
decepcionar. Alguns adultos se achavam mais privilegiados e melhores que os
outros. Sempre mostrando que agora tinham poder e sabiam mais. Os Insígnias nem
todos eram os que se achavam mais importantes. Sempre a lhe dizerem que tinha
de ser um. Foi um estudioso, leu tudo que podia sobre escotismo, fez vários
cursos e pensava se recebesse o lenço seria mais que os outros. Ele sabia que
ninguém era melhor que ninguém. O lenço iria fazer dele respeitável mais que
era? Seria um notável no saber? Seria mais elogiado e poderoso? Sabia que não.
O volta a Gilwell não o entusiasmava. Não passava de uma canção, pois voltar lá
ninguém voltava.
Fechou os olhos para a
bajulação. Deixou de ser subserviente. Não humilhou ninguém, mas também não
aceitou imposições. Ensinou ao seu filho que o caráter de um homem faz o seu
destino. Não saiu. Não era homem de desistir. O tempo passou. Ainda era um
assistente depois de anos. Assim como na fábrica não alçou postos importantes.
Ele sabia que para um homem honrado a satisfação de servir bem é o melhor
prêmio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário