Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

domingo, 24 de abril de 2016

O dia do Escoteiro. Um dia para lembrar...


O dia do Escoteiro.
Um dia para lembrar...

                  Dizem que são outros tempos, outras eras, alguns dizem que era no tempo das diligencias. Será? Como Lobinho nunca me disseram que o dia 23 de abril era o dia do Escoteiro. Acredito que o Akelá e o Balu não sabiam. Quando passei para Escoteiro lá por volta do final do ano de 1951, estava com onze anos e tinha um enorme orgulho de vestir meu uniforme Escoteiro. Lutei para conseguir. Presente mesmo só o chapéu que uma tia comprou em BH e me deu. Engraxei muito sapato para comprar o pano e minha mãe fez a calça e a camisa. Meu cinto comprei de Manuel Reco Reco, só me lembro do apelido. Ele desistiu. Filho do dono das casas Abil entrou, ficou quatro meses nem fez a promessa e se mandou. Paguei tostão por tostão. O meião foi fácil, na Livraria do Seu Toninho tinha material esportivo. Tinha um sapato Velho e resolvi comprar um “Vulcabrás”. “Deus meu” durou uma eternidade. O lenço e o anel o grupo deu.

                 Sei que devem estar perguntando – E daí? Bem era uma época que fazíamos questão de atravessar a cidade de norte a sul de leste a oeste com o uniforme. Na sede eu ia na minha bicicleta Philips, pneu balão, faixa branca que meu pai me presenteou. Vendeu uma sela (era seleiro) para um fazendeiro e sem dinheiro deu a bicicleta como caução e nunca mais apareceu. Era um orgulho sábado pela manhã lavar, passar cera, escovar e deixá-la brilhando. Viajei com ela milhares de quilômetros por muitos e muitos anos. Foi então que um dia o Chefe Jessé no cerimonial de bandeira disse que o dia 23 de abril dia de São Jorge era o dia dos escoteiros. Uma surpresa. Não sabia. Ninguém na patrulha e na Tropa sabia. Ele retirou do bolso uma comunicação da UEB dizendo para comemorarmos. Quem era essa tal de UEB eu desconhecia. Não tínhamos registro e nem nos preocupávamos com isto.

                     Um Conselho de Patrulha foi formado. Votamos para andar o dia inteiro com o uniforme marqueteando com vizinhos e indo a escola com ele. Foi uma festa. A meninada do Colégio Dom Bosco quando me viu (era o único Escoteiro do Colégio) foi àquela algazarra. O Padre Pedro me olhou de soslaio. Perguntou-me porque não estava com o uniforme do colégio. Expliquei. Levou-me até a secretaria para explicar ao Padre Jonas. Ele sorriu. – Pode deixar! Eu também fui por algum tempo Escoteiro na Holanda! Sorri, fiquei durinho e disse “Sempre Alerta Chefe” – Padre Pedro me corrigiu – Chefe não, Diretor! Não importava. Na sala os colegas davam risadas. Padre Jonas fez questão de ir comigo de sala em sala explicando o dia e porque estava de uniforme. Contou sobre os escoteiros holandeses, o que significava e quem foi o fundador. Eramos conhecidos na cidade, afinal o grupo foi fundado em 1942. Mas pouca gente sabia da lei da promessa e o que era o escotismo.

                     A maioria sabia dos nossos acampamentos afinal, além de atravessarmos a cidade por anos a fio indo acampar, havia a nossa carrocinha daquelas que zumbia e apitava nos eixos das rodas só para chamar atenção quando íamos acampar. Para mim foi um marco em minha vida escoteira. Valeu por tudo principalmente em saber que o Padre Jonas foi Escoteiro. O Chefe João Soldado nosso Chefe geral fez questão de convidá-lo para a diretoria. Aceitou mas não ficou muito tempo. Foi transferido para outro Colégio Marista em outra cidade. A data serviu para que todos os anos fizéssemos alguma atividade. Foi Tomaz quem sugeriu que neste dia as tardes déssemos flores as senhoras que passassem pela Praça Serra Lima. Difícil era arrumar as flores. Nunca mais esqueci este dia. Ficou gravado para sempre. Quando Chefe fazia questão de ouvir os escoteiros e os lobinhos para sugerirem uma solenidade qualquer. Usar só o lenço nem pensar. Todos faziam questão de calça curta acima do joelho, lenço bem passado, chapéu ou boné e estar presente na escola do seu coração.

                   Desculpem o relato, mas deitado em meu berço esplêndido, cansado de tanto dormir e tentar me recuperar lembrei-me de todos estes fatos. Não podia deixar de escrever e postar aos meus amigos. Outros tempos, outras eras, mas sem diligência, por favor. Ainda tínhamos charretes e bicicletas para nos transportar. Volto a minha insignificância de Chefe Dodói. Dói aqui dói ali dói acolá. Vamos ver se esta semana volto a escoteirar aqui com meus amigos, o único lugar que ainda posso lembrar, contar e pensar que escotismo é bom demais. Meu abraço fraterno a todos vocês. Boa noite!

Chefe Osvaldo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário