Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quinta-feira, 8 de junho de 2017

As vozes do silêncio.


As vozes do silêncio.

                   Um poeta disse que o sentimento mais profundo de um ser humano é o silêncio. – “Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos”. Eu gosto do silencio, de ouvir, interpretar as palavras, fechar os olhos e pensar se era isto mesmo que eu queria dizer. Eu sei que na alma do homem está à alma do mundo, o silêncio da sabedoria. Deve ser fantástico passear pelas estrelas, sentir por lá o som do silencio velejando pela via láctea, ver o brilho de um cometa passante, tentar entender o universo mais lentamente, sem pressa... Passar por um buraco negro sem saber o que encontrar... Ah! O silêncio. Dizem que ele e oração dos sábios.

            O poeta diz ao mundo - Não direi que o silêncio me sufoca e amordaça. Calado estou calado ficarei, pois que a língua que falo é de outra raça. Palavras consumidas se acumulam se represam cisterna de águas mortas, ácidas mágoas em limos transformadas, vaza de fundo em que há raízes tortas. - Não direi que nem sequer o esforço de dizê-las merece, palavras que não digam quanto sei neste retiro em que me não conhecem. - Só direi, Crispadamente recolhido e mudo, Que quem se cala quando me calei não poderá morrer sem dizer tudo. Não só ele, mas eu também me extasio com as vozes do silêncio.

               Sinto saudades do silencio. Os sons da alvorada, o cantar da passarada onde a voz humana era inaudível. Quanto deleite. Quanta satisfação e contentamento em apagar a voz, deixá-la escondida na garganta e sentir o fundo musical do vento que nada diz e a gente se transforma em um ser humano imortal. Eu já tentei interpretar o silencio das matas, no alto de uma montanha, na cascata sorridente de um vale feliz. Lá estava eu mochila no costado, ração no bornal, cantil e faca escoteira para viajar na trilha da bem-aventurança. Era só eu. Sozinho naquele cercado de um lugar chamado paraíso. Ninguém mais pode entender meu prazer, meu deleite e a euforia de estar ali... Em silencio! Já ouviu a voz do vento? Ele canta divinamente. Canta para embalar as árvores, para alegrar as flores do campo, ele canta para dizer que o mundo não e o que pensamos, mas é uma nascente de Deus.

               Tente ficar de olhos fechados, deixe seu pensamento se misturar com os sons da floresta, sinta o vento no corpo, estremeça deixe fremir o seu olfato, percorra com sua audição seu jubilo de ouvir tão linda canção... Do vento! Só sendo Escoteiro é que podemos interpretar a voz da cascata murmurante, sua fonte e o borbulhar das águas cristalinas. E foi no alto da montanha, eu ali calado, em silencio, tentando imaginar tudo aquilo e o dom de quem criou tão bela imagem. Estava extasiado. Os minutos se passaram tudo calmo, exceto a minha respiração. Ela dava arrancos, entrecortada, tendendo a soluçar em silêncio. A música expressava o que não pode ser dito em palavras, mas não pode permanecer em silêncio. Uma voz da noite me disse: Escuta e serás sábio. O começo da sabedoria é o silêncio. Não sabia o que dizer ou fazer.
                  
                 -O silencio de Deus nos ensina. Antes de reclamar que Ele não te respondeu tente entender o que Ele está te ensinando. Fechei os olhos, não abra, só ouça dizia uma voz. Nunca na vida tinha me sentido assim. Era como se estivesse sozinho abraçando um fogo de conselho, luzes de algodão vermelho querendo subir aos céus. Céus? Lindas estrelas no firmamento. Queria pegá-las, acariciá-las, levá-las comigo para não esquecer aquele momento. Uma orquestra noturna de grilos e pirilampos com suas luzes brilhantes começaram a tocar uma linda melodia. Uma coruja de olhos verdes ria e cantava: - Linda é à noite, tente ouvir o Senhor, pois muitas vezes Deus se cala... Mas o silêncio de Deus não significa que Ele desistiu de nós.

              Era hora de retornar para junto dos meus. Enrosco-me em minha manta azul como o céu que amo. Existe um vento calmo no ar. Brisa gostosa. Ouço ao longe o cantar do Uirapuru. Sinto pardais dedilhando um violão encantado. Uma melodia toca no violão apaixonado. Sinto pedacinhos molhados gotejando na minha face. Sei que são lágrimas de alegria. O que dizer de tudo que sinto que vi e amo ao sentir o silencio maravilhoso em mim? Como Einstein em penso noventa e nove vezes o que sou e nada descubro. Deixo de pensar e continuo em profundo silêncio. E eis que a verdade vai aos poucos me revelando:

- Somos Escoteiros, filhos da natureza. Reconhecemos nela o Criador e por isto sentimos falta dela. Não sei mais o que dizer. Volto à civilização. Civilização? Deve ser quem sabe o dia que todos aprenderam a voz do silencio, a ouvir, entender, sorrir sem discutir quem está com a razão.  



Nunca na vida tinha me sentido assim. Hoje resolvi escrever diferente. Iria escrever sobre o silêncio. Transportei-me para uma floresta, linda, aroma de flores no ar. Era como se estivesse sozinho abraçando um fogo de conselho, luzes de algodão vermelho querendo subir aos céus. Céus? Lindas estrelas no firmamento. Queria pegá-las, acariciá-las, levá-las comigo para não esquecer aquele momento. Ouvi uma orquestra noturna de grilos e pirilampos com suas luzes brilhantes que tocavam uma linda melodia. Uma coruja de olhos verdes cantava: - Linda é à noite, tente ouvir o Senhor, pois muitas vezes Deus se cala... Mas o silêncio de Deus não significa que Ele desistiu de nós.

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