Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Onde estão nossos heróis?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Onde estão nossos heróis?

                     Vez ou outra me questiono porque temos o dom de desmerecer ou tentar desmitificar nossos heróis. Até mesmo alguns historiadores mesmo reconhecendo inteligências e competências tem o hábito de desmerecer homens a quem chamamos de heróis e/ou exemplos pessoais. Sei que nem todos chamados de heróis viveram sem cometer deslizes. Mas se isto aconteceu eles não tem direitos a subir no panteão dos heróis? Se eles produziram se colaboraram para crescemos intelectualmente e moralmente por que não lhe dar o lugar ao sol que merecem?

                    No Brasil isto é muito comum. Tiradentes foi um mito, Aleijadinho nunca existiu, Duque de Caxias foi um farsante. Caio Vianna Martins não é o que contam e assim continuamos a massacrar aqueles que poderiam ser exemplos para a juventude. Olavo Bilac foi um dos poucos a exaltar o escotismo quando vivo. Até mesmo Baden Powell sofre nas mãos de historiadores que tentam mostrar que suas qualidades não eram tantas para ser exemplo de uma juventude que o segue em várias partes do mundo.

                   Sei que no Brasil de hoje não temos muito em que nos orgulharmos. Os políticos, altos dirigentes empresariais, eclesiásticos ou mesmo educacionais deixam a desejar com seu desempenho profissional ou mesmo na sua ética e formação de caráter. Até mesmo no escotismo não encontramos grandes homens galgados em postos chaves que podem servir de exemplos e que honram suas promessas e suas qualidades morais. Temos sim homens e mulheres simples que passaram pela escola da vida dentro do escotismo e ainda guardam boas recordações e dentro de suas limitações merecem nosso crédito pela formação, pelo caráter e ética.

                    Por outro lado olhando a nata da nação não sabemos a quem podemos considerar da alta estirpe, que dignificam sua coragem, ética, honra e caráter nos princípios escoteiros. Em outros países se pensa diferente. O Americano saúda efusivamente seus heróis. Eles tem exemplos de personalidades que passaram pelo movimento Badeniano. Quem desconhece o mito dos astronautas escoteiros que ao pisar na lua mostram seu orgulho do movimento que amam? É comum grandes personalidades americanas se apresentarem uniformizados ou mesmo fotos de quando foram escoteiros.

                     Lembremos da pátria mãe do escotismo mundial. A Inglaterra. Temos lá altos dirigentes, profissionais nas suas diversas atividades, políticos que não esquecem seu passado escoteiro e se apresentam como tal. Vejamos o caso de Edward Michael Grylls, conhecido como Bear Grylls, ex-servidor das forças Especiais Britânicas, aventureiro, escritor, apresentador de TV, montanhista e atual Chefe dos Escoteiros da Inglaterra. Poderia citar centenas de políticos, pedagogos e altos dirigentes empresariais. Alguém se preocupa em saber sua escolha sexual? Suas atividades sociais?  Isto acontece mais aqui em nosso país.

                     Pensemos primeiro nos nossos conhecimentos dos nossos épicos e heróis. Alguém já ouviu falar das famosas batalhas e os heróis que a produziram? – Batalha de Chapicuy (1918), a Batalha de Sarandy (1825), A revolução Farroupilha? A guerra do Uruguai e o Cerco de Paysandu? A guerra do Paraguay e Batalha de Cerro-Corá? São tantas que escrever todas levaria várias páginas. Pena que hoje pouco se fala nas escolas dos nossos épicos dos nossos heróis e da nossa história. Nem mesmo o hino Nacional é cantado como antigamente. Nas nossas sessões escoteiras pouco falamos sobre eles. Os mais lembrados são bandidos que não merecem a pátria que tem. Lucio Flavio, Mariel Mariscot, Fernadinho Beira-mar eles sim são bastante conhecidos.

                  Muitos podem citar um pouco de sua vida em uma página escrita dos tempos escoteiros quando jovem. Seria dignificante? Ainda espero em algum dia um Presidente que foi escoteiro vá condecorar alguém que possamos orgulhar. Hoje o que fazemos é colocar lenços em presidentes e políticos que não merecem usar o que amamos e nos orgulhamos tanto. Sei que a EB irá levar alguns famosos (eu não conhecia) no Jamboree em Barretos e fazerem deles o nosso herói escoteiro. Quem sabe receberão comendas, medalhas e outras “coisas” mais. Será que são exemplos que procuramos e devemos seguir?

                 Ainda sonho um dia saber que teremos nosso Martin Luther King, nosso  Mahatma Gandhi a nos dizer: - “Vocês podem me acorrentar, torturar e até destruir meu corpo, mas nunca aprisionarão minha mente”. Sei que fui longe a procurar o impossível sem desmitificar a honra e a ética de muitos que merecem estar no panteão dos heróis no Brasil. Dizem que breve iremos chegar aos noventa mil associados da EB. Melhor esquecer que nos últimos trinta anos ficamos na gangorra dos setenta a oitenta mil escoteiros brasileiros.

                  Um país que começou a praticar o escotismo em 1910 junto a outros nove que hoje se destacam no escotismo mundial quem sabe nunca terá os seus heróis reconhecidos não só pelos escoteiros como pela população brasileira. Aqueles grandes chefes do Escotismo brasileiro que podemos chamar de “Velhos Lobos” imortais ficaram no passado. Nos dias de hoje pouco produzimos principalmente na nossa alta corte escoteira. Seria um sonho encontrarmos um dia um Chefe escoteiro, para dirigir o Escotismo Brasileiro que irá se preocupar em servir e não ser servido.

                Ainda bem que temos Caio Vianna Martins. “O Escoteiro caminha com suas próprias pernas”. Ele pelo menos será sempre lembrado mesmo que alguns dizem que ele nunca existiu e nunca disse tais palavras.  


Nota de rodapé: - O Marques de Maricá disse que mesmo mudando os tempos, os lugares, as opiniões e circunstâncias, os grandes heróis se tornarão pequenos e insignificantes homens. Prefiro Oscar Wild dizendo que antigamente canonizávamos nossos heróis. O método moderno é vulgarizá-los. Heróis... Quem são eles? Onde estão? Perdemos o rumo da história? Um artigo para lembrar que precisamos voltar às origens. O escotismo tem tudo para fazer grandes homens do futuro. 

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