Crônica de domingo.
Escotismo vale a pena à dedicação?
Prólogo:
- No dia que entrei no movimento Escoteiro, não tinha ideia do nível de importância
que ele conquistaria em minha vida. Sem saber, cruzei meu caminho com ele e, de
repente tudo passou a fazer mais sentido. Foi então que me completei até o dia
que descobri que meus caminhos poderiam ser outros.
Em uma roda de chefes em
volta de uma fogueira, escutava uma discussão acalorada entre os mais afoitos
escotistas que o mundo já conheceu. Pelo menos na palavra deles. Surpreso ouvi
essa pérola: “No escotismo descobri que o mínimo já é o máximo”. E só de estar
junto aos jovens e meus amigos escoteiros sinto que a vida flui e se torna mais
fácil! Bom isso. Se entregar a uma causa tem enormes valores não só como princípios
de ajuda ao próximo como se sentir importante dentro do conceito pedagógico na
formação do caráter.
A principio o
Movimento Escoteiro encanta, traz uma chama diferente, afugenta o medo da
amizade insincera. Ao pisarmos o primeiro sinal de pista na trilha do
descobrimento, sentimos um sopro de aventura desconhecida de uma vida nunca
antes vivida. Meninos e Meninas cativam. Enchem-nos de graça e de valores cujos
princípios morais, regras, conceitos bate fundo no intimo de qualquer voluntario
que vê no escotismo algum diferente que antes não conhecia. Impossível não se
entregar. Difícil não mudar o estilo de vida e que muitas vezes é motivo para discórdia
familiar.
Tudo teve o antes e o
depois. O antes uma vida cheia de rotina, seja profissional ou a dedicação aos
mais próximos inclusive com os comprometidos com a família. As reuniões, os
encontros de chefes, as Indabas, Os Acantonamento e acampamentos, os Conselhos,
as Assembleias os cursos... Estes são demais. Saímos de lá cheio de vontade de
praticar a metodologia escoteira para sempre. Alguns tem o privilegio de ter ao
seu lado sua cara metade e seus filhos cuja entrada neste belo Movimento surgiu
entre eles um compadrio muito mais abrangente do que a vida que antes levavam.
Ali surge um novo
abraço, um novo aperto de mão, uma saudação gostosa de fazer. E chega o dia de
tremer, não de medo, mas de orgulho por ser mais um pertencente a Grande
Fraternidade Mundial. Dia da promessa, dia de sorrisos, de abraços e naquela cidade
dos sonhos que nunca na vida real tinha concretizado tudo muda e para melhor.
Será? O amor aos filhos se espalha aos outros filhos que não são seus. A
entrega é total. Alguns pagam para manter toda essa felicidade nunca antes
encontrada. Pagam para os filhos, para ele ou ela e até mesmo de meninos e
meninas que antes nem conhecia. Coisas de voluntário!
Os amigos mais
chegados espantam. Que houve? Quanta mudança? Antes o chopinho, a visita
fraterna, o churrasco, as idas a praia ou ao sítio para comemorar anos de convivência.
Agora nada. Muitos quando se aproximam é para o ouvir o mesmíssimo novo amor
que o escotismo está proporcionando. Os familiares que convivem em outra rede
social assustam com tamanha entrega. Nem pense em dar conselhos, vai ouvir o
que não gostaria de ouvir.
E quando a esposa ou
vice versa não participa? Aí começam as incertezas, as contrariedades, as
reclamações e até mesmo a separação o que não é bom nem para um ou para o
outro. Nossas lideranças seja no próprio grupo, no distrito ou nas Regiões, sem
falar na Direção Nacional não tem pessoas preparadas para agir como
aconselhador. Tudo tem seu tempo e sua hora e chega àquela velha frases que ninguém
gostaria de ouvir: - Ou o escotismo ou eu!
Diferente daqueles que germinaram
no escotismo desde seus tempos de criança. Já tem uma rotina de vida formada
dentro dos princípios escoteiros que sempre viveu e reconhece como sua estrada do
sucesso. Muitas vezes precisamos de anos e anos para estabelecer uma moral
padrão de participação que não prejudica nem um nem outro. E quando achamos que
nosso rebento não quer continuar e você acha que ele está sendo prejudicado? O
que fazer? Entrar onde não é chamado para dar vasão ao seus pendores de sua criação?
É duro de lascar não poder fazer nada sem prejudicar um ou outro.
É um tema ingrato.
Para alguns um tema adorável que nunca interferiu em sua vida familiar. Para
outros e posso garantir as centenas o abandono de uma causa que antes era tida
como um caminho a seguir rumo ao sucesso e deixou de existir. Não há conselhos.
Ninguém vai deixar a entrega só por alguns escritos ou orientações que não tem
nada a ver com sua vida pessoal. Escotismo é assim, uma trilha ilhada de sinais
de pista. Caminho a seguir, caminho a evitar, saltar o obstáculo e chegar
incólume ao ponto de reunião!
Assim a evasão de pessoas
magnificas que poderiam trazer valores e contribuições enormes a associação vai
perdendo na trilha de BP muitos que acreditaram na esperança de ajudar e viver
feliz. Mas nem tudo é amargo. A receita fica com a Chefe de lobos que me disse:
- Chefe... O que antes caos, hoje é tranquilidade. O que era medo, hoje é confiança.
O que era vazio, hoje é completo. O que era tristeza, hoje é sorriso largo. O
que era busca hoje é certeza. O que me faltava era o “mosquito” me morder para
ser e morrer Escoteiro!
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