Pequenos
contos de fim de ano em volta do fogo.
O ano assim
como chegou ele se foi...
Não era uma praça, não era
uma selva, era um descampado fora da cidade onde aqueles chefes irmãos se reuniam
após a noite de natal em volta de um fogo, para cantar, relembrar, louvar as
aventuras, as vicissitudes e tantas coisas mais. 2018 se foi, agora era a hora
de 2019. Dava prazer em ver através da chama vermelha os sorrisos, os sonhos a
mostra, cantados em versos e a alegria reinante por vários anos de eterna
amizade.
Ele chegou calmo como aconteceu nos anos
anteriores. Um sorriso simples pediu licença e sentou junto a eles em volta da
fogueira. - Chefe desculpe... Não sei se tenho direito a palavra, mas a peço
educadamente. Sei que devemos ser exemplos, mostrar força, agir como educador.
Mas Chefe, minha força de um Escoteiro saudável não é mais aquela do passado.
Aquele “Eu vou fazer” eu “vou enfrentar” são sombras de uma lembrança que vão
ficando para trás. A memória vez ou outra parece estar brincando de
esconde-esconde. Eu tento a minha maneira de Lobinho o que aprendi sorrindo e
me esquecendo de chorar.
Afinal Chefe não dizem que
tentar levar a vida a sério não tem a menor graça? Meu eterno monitor Sênior
vivia a dizer para mim: Meu irmão escoteiro valorize cada momento enquanto
estiver vivo como se fosse o mais especial da sua vida. Afasta o que te
machuca. Reaproxima o que te faz bem. Saudades dele também Chefe. Foi um
Monitor e amigo que nunca mais esqueci.
Vou fazer agora o que nunca
fui bom em fazer. Repousar e deixar a vida passar. Terei outro substituto.
Preciso de férias do abecedário. Está difícil continuar. A mente não é mais
aquela que dava um salto e do nada aparecia uma trilha para descobrir um bom
lugar para acampar. Dizem para mim Chefe que eu tenho ainda muita estrada para
percorrer. Sinceramente não sei...
Como dizia Zé do Monte um
amigo Pioneiro, alma mole, vida dura... Tanto bate até que cura. Sabe Chefe, peço
desculpas pela intromissão. Assim como cheguei estou saindo. Não me leve a mal,
são reclamações entre Velhos escoteiros. Afinal a vida nos ensina tanto, não é Chefe?
Sei que vai me dizer com a bondade de sempre que nunca perca a esperança. Aceito
Chefe. A gente não sabe o que o amanhã vai nos trazer.
Levantou-se do banco de
madeira, esfregou as mãos no calor do fogo, olhou sorrindo para mim e disse:
Sempre Alerta Chefe. Obrigado por tudo. Vou dormir e tenho certeza que amanhã é
outro dia. Tenho certeza que alguém mais novo virá me substituir em 2019. Dizem
que será o ano da redenção! - Como foi o que o poeta disse Chefe? – “Mesmo se
eu soubesse que amanhã o mundo se partiria em pedaços, eu ainda plantaria a
minha macieira”.
Saiu cantando a “Bela
Polenta” rumo desconhecido, passos calmos e sensatos, pegou a estradinha do ano
que passou e sem olhar para trás e dizer adeus sumiu na curva do caminho de
final do ano. Ainda dava para ouvir baixinho sua canção. Os chefes ali sentados
sorriram e quem sabe com uma pitada de inveja, também cantaram a Bela Polenta
em homenagem aquele ano tão cheio de graça esperando que o que vai chegar seja
o que todos os Antigos Escoteiros do mundo sonham e esperam!
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