Uma linda historia escoteira

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domingo, 8 de março de 2020

DIA INTERNACIONAL DA MULHER. A história da Co-Educação no Brasil. Por Rubem Suffert




DIA INTERNACIONAL DA MULHER.
A história da Co-Educação no Brasil.
Por Rubem Suffert

Adendo: - Por ocasião do dia internacional da mulher realizado nesta data, em que todos nós parabenizamos as escoteiras de todas as idades lembramos que devemos também agradecer ao Chefe Rubem Suffert, que foi o maior responsável pela Co-educação implantada no Brasil na década de oitenta. Hoje o efetivo delas ultrapassa os 35% em relação ao efetivo masculino. A cada ano se tornam uma força no Escotismo Nacional. Ao Chefe Rubem Suffert, nossos parabéns e a ele eu faço questão de tirar o meu chapéu!  

História da Co-educação no Brasil.
A co-educação no Brasil.
Por Rubem Suffert

Texto elaborado pela Região Escoteira do Distrito Federal com base nos documentos oficiais da UEB.

Introdução
A proposta de co-educação, oferecida pela União dos Escoteiros do Brasil, integra-se nas finalidades educacionais do Escotismo, diante de uma realidade em que muitas famílias e comunidades não compreendiam a razão de discriminarmos de nosso Movimento, as meninas e moças, muitas delas irmãs de escoteiros.

Histórico
Já em diversas ocasiões, entre 1914 e 1950, várias foram as oportunidades para a participação de moças no Escotismo, desde dezembro de 1914 com o surgimento, em São Paulo, da Associação Brasileira de Escoteiras. Mas, como Seções mistas, praticando a co-educação, ela foi aplicada em caráter experimental pela UEB, desde agosto de 1968 ao ano de 1972, no ramo pioneiro. Até então a presença feminina somente era permitida nas chefias de Alcateias. Em maio de 1978, começaram a funcionar as duas primeiras Alcateias Mistas Experimentais, que juntamente com Alcateias de Lobinhas foram adotadas em 16 Grupos Escoteiros Experimentais, sendo que 4 do Distrito Federal. As dúvidas sobre a viabilidade de aplicação da co-educação no ramo lobinho, assim como nos ramos escoteiro e sênior, foram esclarecidas pelas experiências em desenvolvimento. A aplicação na maioria das Associações Escoteiras da Região Interamericana e Europeia, em grande número de países em outras regiões do mundo, também estão a demonstrar a possibilidade desse trabalho, que pode ser implementado na forma da legislação brasileira e escoteira mundial. No ramo pioneiro a co-educação foi oficializada no mês de abril de 1979, sendo iniciada as experiências com escoteiras em maio de 1980 e com guias escoteiras em fevereiro de 1981. A partir de 1982 todos os Grupos Escoteiros da UEB puderam ter lobinhas, desde que atendessem a um conjunto de pré-requisitos.

Em janeiro de 1981 foi realizado no Parque Saint Hilaire pela 1ª vez um Jamboree Panamericano Misto, após a histórica presença de três pioneiras do Brasil no II Jamboree Panamericano, em 1970. Em julho de 1983 foi realizado no Canadá o XV Jamboree Mundial, pela 1ª vez com a presença de moças. A partir de julho de 1983, a co-educação foi oficializada no Brasil no ramo escoteiro, de forma paralela e com chefias do mesmo sexo que os jovens, desde que atendidos os respectivos pré-requisitos, após a análise dos resultados em 13 Grupos Escoteiros Experimentais que possuíam Tropas de Escoteiras. Finalmente, para o ramo sênior a oficialização das Tropas de Guias Escoteiras, em paralelo e com chefias do mesmo sexo que os jovens, ocorreu a partir de outubro de 1984.

Em abril de 1990 foi elaborado por alguns Comissários e depois pela CNOC – Comissão Nacional de Orientação e Coordenação o projeto “Chapada dos Guimarães”, devidamente aprovado pela Direção Nacional para experimentar uma nova etapa da co-educação, com as Tropas e Patrulhas Mistas, bem como chefias mistas nestes dois ramos, sendo esta forma adotada posteriormente pela UEB.

Conceito
O III Seminário Nacional de Programa, realizado em Brasília em setembro de 1981, estabeleceu o seguinte conceito para a co-educação no Escotismo Brasileiro: “A co-educação é um processo pelo qual meninas e meninos, moças e rapazes vivenciam um plano educacional para um melhor e mais harmônico desenvolvimento da personalidade, favorecendo a educação recíproca de uns pelos outros e levando em consideração as realidades locais e pessoais. Isto tendo presente o Propósito e o Método do Escotismo. A co-educação não é, portanto, simplesmente uma questão de reunir crianças e jovens de ambos os sexos.”.

Justificativas
A implementação da co-educação no Escotismo Brasileiro tem como principais justificativas:
1.     Propiciar uma formação mais adequada à criança e ao jovem;
2.     Possibilitar uma maior integração da família no Escotismo, possibilitando que todos os filhos possam participar do Grupo Escoteiro;
3.     Ampliar a participação feminina no Movimento;
4.     Contribuir com a redução do preconceito de gênero.
5.      
Vantagens de cada modelo de Seção
Numa análise comparativa, resultante da experiência desenvolvida, podemos relacionar as seguintes vantagens de cada alternativa, destacando que a Região Escoteira do Distrito Federal reforça o modelo das Seções Mistas:
Seções Paralelas
·       Assegura maior privacidade de cada sexo (aos meninos e meninas, rapazes e moças);
·       Evita a divisão do trabalho nos papéis tradicionais (trabalhos manuais e força);
·       A atuação da chefia não é tão diversificada como nas Seções Mistas;
·       Permite uma progressão na co-educação (que pode resultar em Seções Mistas e depois em Equipes Mistas).
Seções Mistas
·       Acompanha outras organizações sociais (escola, igreja, empresas, clubes, etc…);
·       Ensina a aceitar a liderança de outro sexo e treina na liderança co-educativa;
·       Propicia uma aprendizagem na cooperação e respeito entre os sexos (nas quais o exemplo da chefia é essencial);
·       É mais próximo do tipo de trabalho do Clã Pioneiro, que geralmente é misto;
·       Reduz a discriminação de meninas e moças, já que não destaca a diferenciação.
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Vantagens de cada modelo de Patrulha
Numa análise comparativa, resultante da experiência desenvolvida em vários Grupos Escoteiros, podemos relacionar as seguintes vantagens de cada alternativa:
Equipes Paralelas
·       Assegura maior privacidade de cada sexo (aos meninos e meninas, rapazes e moças) em especial nas atividades ao ar livre;
·       Evita a divisão dos trabalhos na equipe nos papéis tradicionais (trabalhos manuais e força);
·       A atuação da Monitoria é mais simples do que nas Equipes Mistas;
·       Permite uma progressão da co-educação (que pode resultar em Equipes Mistas).
Equipes Mistas
·       Acompanha a forma de equipes na maioria das outras organizações sociais (escola, igreja, empresas, clubes, etc…);
·       Ensina a aceitar a liderança de outro sexo e treina na liderança co-educativa;
·       Propiciar uma aprendizagem na cooperação e respeito entre os sexos;
·       Reduz ainda mais a discriminação de meninas e moças, já que não destaca essa diferenciação.
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Implementação da Co-educação
A adoção de uma Alcateia Mista requer a chefia também mista nessa seção. Após a ideia ter amadurecido entre as crianças, uma reunião do Conselho de Seção com os pais pode debater a decisão adotada e analisar suas vantagens e desvantagens. A decisão é tomada pela Diretoria do Grupo Escoteiro.

A prática recomenda que a transformação de Tropas Escoteiras e Patrulhas em Mistas sejam iniciadas nos Grupos Escoteiros, dispondo de chefias mistas e após o funcionamento por alguns anos, das Alcateias Mistas, favorecendo que já exista na Unidade Escoteira Local a vivência anterior dessa forma de trabalho.

Da mesma forma, a transformação no ramo sênior, de Tropas de Seniores e de Guias Escoteiras em Tropas Seniores Mistas, bem como a adoção de Patrulhas Seniores Mistas, requer a disponibilidade de chefia mista e deve ser precedida da implantação dessa sistemática na Tropa Escoteira, alguns anos antes.

Para favorecer a implantação das Tropas e Patrulhas Mistas, reuniões podem ser realizadas das chefias das duas Seções e das Cortes de Honra das duas Tropas (masculina e feminina) com frequência crescente.

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