Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sábado, 11 de abril de 2020

Lendas Escoteiras. O Escoteiro Chefe lusitano vai chegar!




Lendas Escoteiras.
O Escoteiro Chefe lusitano vai chegar!

... – Sábado sem reunião, muitos desanimados aprontei um continho de quatro paginas para divertir. Peço desculpas se escrevi algum errado dos Escoteiros de Portugal. Tenho-os em alta conta e eles tem muitos exemplos para dar a Escoteiros do Brasil. É longo, mas dá para divertir.

- Seria uma festa... O Escoteiro Chefe de Portugal vinha visitar Lagoa dos Açores e seus mais de mil escoteiros de todas as classes e associações. Foi Dona Flancácia quem contou para dona Rabanete que contou para dona Bucycleide, que contou para dona Pamonia... Fariam uma festa para receber figura tão notável. O Brasil não tem Escoteiro Chefe e os portugueses têm? Quem sabe um dia o país teria um também? Foi Tumenodes da venda Dom Cabral quem disse que ele era Duque. Descendente do Marques de Pombal. Doutor Macbeti Roubapouco o prefeito mandou chamar o Delegado Pancrácio, Dona Flancácia, Doutor Jacumé, o Juiz de Direito Picolé de Mamão e os Chefes dos Grupos escoteiros da cidade. Uma grande reunião foi feita. Com seus vinte mil habitantes Lagoa dos Açores vibrava. Foi fundada em mil e antigamente por Don Panchito Das Torres Altas neto de um figurão escoteiro amigo da Rainha Vitória da Inglaterra. Um português que enricou ao chegar. Vendia Café para o Brasil e para o mundo. Nunca foi visitada por um Escoteiro Chefe. Todos se preparavam para receber o Chefão na estação da Estrada de Ferro Leopoldina Railway. Ele chegaria na primeira “Jamiloca” soltando fumaça a granel. Foguetes, Bandas de Musica, desfiles e uma “comidaria” de fazer inveja seriam oferecidos à tão alta autoridade escoteira.  

- Seu Samuel Ramalho Ramires Ramos, português e o mais antigo padeiro ria a mais não poder. – Um patrício? Graças a Deus! Quem sabe é um duque parente do meu bisavô. Chefe Micaleide Soraia convidou os chefes para uma reunião. Eram seis grupos e mais três discípulos de Baden-Powell. Dois da EB, dois da FET, dois da AEBP os desbravadores e os Florestais. De última hora apareceu um Grupo Católico e um que não dava satisfação a ninguém. As Bandeirantes ficaram de pensar se iam ou não. A cidade era reconhecidamente escoteira. Muitas autoridades participaram do escotismo. Todas as contribuições eram religiosamente divididas com os grupos. Reuniram-se no Theatro Municipal Don Panchito. Presentes mais de oitenta chefes. Todos devidamente uniformizados. Chefe Ronsato falava pelos AEBP. Chefe Jarisol pelos FET, Chefe Micaleide pela EB, Jacomilson pelos desbravadores e o Chefe Portal pelos Florestais. De ultima hora chegou o Padre Jacques Sevin dos Escoteiros Católicos. Discutiram o que fazer e como fazer e quem vai fazer. Um esboço do programa foi levado ao Doutor Macbeti Roubapouco o prefeito. Ele olhou, pegou um enorme carimbo, molhou com tinta, deu uma forte carimbada e disse: - Aprovado! Que conste na Ata da Prefeitura e da WOSM (Organização Mundial do Movimento Escoteiro). - Moçoilas enfeitavam as ruas com bandeirolas Ninguém sabia a cor da Bandeira de Portugal; Vermelho, verde, amarelo, azul, branco e preto disse o Professor Arquimomedes o sábio da cidade.

- Pitito Modinha era um escroque. Preso dezenas de vezes por enganar os outros. Não era mau sujeito. Seus pais assaltantes de bancos morreram num tiroteio em uma cidade do Uruguai. Pitito Modinha nunca matou ninguém. Enganar sim. Ria quando era preso e o delegado Caroço de Manga dizia: - Pitito mude de vida. Um dia alguém vai te dar um balaço bem nas “orêias” o tiro vai entrar em uma e sair cheio de cera na outra! Pitito fingia e sorria. Prometo Doutor Delegado nunca mais entrar em uma cela! Com os dedos trançados na mente dizia: - Enquanto houver otário São Judas Cata-vento não anda a pé. Doutor Delegado sabia que logo estaria de volta à sua cela conhecida de anos. Pitito Modinha leu a noticia na Barbearia do Carioto Cariado: - Lagoa dos Açores em festa... Vai chegar à cidade o Escoteiro Chefe, Senhor Marquês de Pombal, Conde de Caravelas, Infante Duque de Bragança, Juparanã Rossalo, Milady D’Artanhan. Nomes demais...

Minino! Desta vez vou enricar. Sorrindo disse para si: - - Pitito Modinha você é bom cara, muito bom! – Lembrou quando estava na biblioteca atrás do fazendeiro Bom Senso Cutucaaqui querendo surrupiar sua carteira. Viu em um canto um livro dos Escoteiros de Portugal. Viu a foto de um lusitano a quem chamavam Escoteiro Chefe. Bem afeiçoado, uniformizado nos trinques. Pitito não era bobo. Leu tudo de cabo a rabo. Leu tudo sobre os escoteiros da terrinha. Cacilda! Desta vai vou acender charuto com nota de duzentos! Bolou um plano. Dias pensando. Fazer um uniforme e teria que ser igual ao deles. Calça marrom, sapato preto, camisa marrom clara e um chapéu. Teria que achar um paninho para amarrar no meião. Procurou Praquitinha sua noiva. - Me empresta uns tostões? Vais receber em dobro. Praquitinha sabia que não ia receber nada, mas gostava de Pitito e ele prometeu casar com ela. Não ia negar.

- Enviou um telegrama para Seu Samuel Ramalho da padaria. Daí as lavadeiras da cidade, era um pulo. Logo a cidade toda sabia. Assim seu plano começou. – Mais um telegrama e o seu prefeito suava, gordo, barrigudo sonhava. – Agora Lagoa dos Açores seria conhecida “nas estranjas” - O telegrama dizia - Chego no dia nove de dezembro. Irei só. Quero conhecer a cidade dos meus conterrâneos escoteiros. Levarei comigo uma grande foto do nosso Fundador Lordi Badi of Pawell. As ruas enfeitadas. A praça um brinco. A escoteirada pintou tudo. Não havia um toco de cigarro no chão. As filhas de Maria ensaiaram uma canção Escoteira. Zé Calango dos Vicentinos fez uma poesia. Os escoteiros se esmeravam. Treinaram evolução, a banda, a turma da bandeira com luvas brancas. Disseram para eles que o Escoteiro Chefe era entendido em tudo. Fez pioneiria na lua quando pousou lá. Cilene Maria era lobinha. Quieta. Quase não falava. Era uma menina autodidata. Com oitos anos terminou o ginásio. Amava a alcateia. Nunca leu os livros escoteiros para não humilhar o chefe dos escoteiros. Adorava acantonar amava a natureza, as árvores os lagos e riachos de águas frias cristalinas. Adorava o nascer e o por do sol. Na reunião a Akelá Juely Macaquinha comentou sobre a honra que todos teriam em conhecer o Escoteiro Chefe de Portugal. Todos fazem continência para ele.  

- Cilene Maria ficou desconfiada. Tinha lido que em Portugal havia três associações escoteiras e nenhuma tinha Escoteiro Chefe. Associação dos Escoteiros de Portugal, Corpo Nacional de Escutas e  Associação das Guias e Escuteiros da Europa (se eu errei peço desculpas aos meus irmãos escoteiros de Portugal) - De qual ele representava? E o nome comprido? Isto não existia mais. Só reis tinham tanto nome. E misturava tudo. Conde com Duque, com infante, com príncipe regente que só Dom Pedro II foi quando seu pai voltou para Portugal. Muita coisa errada. E porque chamava o fundador de Lordi Badi Pawell? Não sabia o nome correto? Era analfabeto? Impossível! E a foto? Não tinha nada do fundador. Era de um homem magrelo, novo, banguelo com cabelo preto, e uma das fotos sorrindo. Aquele não era e nunca foi Lord Baden Powell. Cilene Maria procurou a Akelá. Ela não acreditou. Procurou o Chefe Micaleide. Ele também duvidou. Ninguém acreditava nela. Sabia que o talzinho que se fazia passar por Escoteiro Chefe era um enganador. Na padaria seu Ramires Ramos ouviu o que ela dizia. Ele também duvidava. O que ele vinha fazer aqui? Porque não na capital? Disse a Cilene Maria que ia investigar. Passou um telegrama para seu irmão em Coimbra e pediu que investigasse. Cinco dias mais tarde chegou à resposta. Chamou Cilene Maria e mostrou o que seu irmão escreveu. Não havia um escoteiro Chefe em Portugal. Agora era armar um plano. O delegado entrou no meio. O dia chegou!

                      O Trem serpenteava nas beiradas do Rio Fede e não Cheira. Em cada curva Seu Japinondas Pé na Taboa o maquinista apitava. Na beira da linha a molecada corria com o trem. Uma fumaceira danada na chaminé anunciava a modernidade. Ele sabia que uma alta autoridade estava viajando no seu trem. Seu bisavó Tutunael sempre contou quando era maquinista que trouxe muitas “otoridades” para Lagoa dos Açores Inclusive o Presidente Venceslau Brás. Agora ele podia contar para seus netos que também carregou um. Pitito Modinha viajava de Primeira Classe. Com seu uniforme de Escoteiro lusitano e seu chapéu sabia que seria tratado como um rei. Mandou fazer um lindo lenço dourado. Amarelo, verde e um pouco de azul. Comprou um anel de brilhantes fajuto para prender o lenço. Na mala alguns presentes que conseguiu comprar nas mãos do Caixeiro Made in Paraguaise.

                         Ao atravessar a ponte do Rio Coça o Saco do Peixe viu pela janela a cidade. Riu de boca a boca. Disse para sí: – Pitito Modinha, você é brilhante. Será o maior golpe de todos os tempos. Desta vez vou encher as burras de dinheiro. Praquitinha iria saber quem ele era. Iria visitar a “horopa” com ela. Ela ia ver a Torri efailde. O Arco do Truque. Contaram para ele maravilhas do tal Palácio das Vertentes. Iria mostrar para ela o Bigue Bende. E depois nas Américas ela ia ver a Estatueta qui liberta tamem. Eles iriam falar gringo, falar françoá, ingreis. Seriam recebidos por reis e rainhas e até o papa abriria as portas do Vonticano. Quem sabe teriam um tituro de pobresa? Já pensou? - Lord Duque Pitito Modinha? Misse Duquesa de Orleanas Bragantina dona Praquitinha Castiana? O trem apitando. A cidade chegando. Ele sorrindo de oreia a oreia. Olhou pela janela, a estação apinhada de gente. Uma escoteirada sem tamanho. Todo mundo ali para vê-lo. Pensou consigo: Pau que nasce torno não tem jeito morre torno. Ops! Nada disto. Pau que nasce torto é sabidão e morre ricasso! E ria, e ria. O trem parou. Silêncio. E a Banda que pediu? Pegou sua mala, desceu. Ninguém bateu palma. Cacilda, o que houve? Onde eu errei? Meu uniforme está impecável aprendi a fazer o nó de escoita e barso pelo seio. Até sei fazer a saudação deles e eles estão me olhando deste jeito? Prá lerta coteiros! Uma mão bateu em seu ombro. – Olá Pitito Modinha. Quanto tempo eim? Deus do céu! Era a voz do delegado Caroço de Manga! Palmas para o Delegado! Colocou as algemas em Pitito Modinha. Entraram de novo no trem. Uma vaia sem tamanho.

                   Por muitos anos Pitito Modinha foi cantado em prosa em todos os fogos de conselhos que a cidade conheceu. Cilene Maria recebeu todas as honras possíveis. Não só do Grupo Escoteiro, mas de toda a cidade. O Prefeito Doutor Macbeth mandou fazer a medalha dos Confidentis e deu para ela no desfile do Oito de Setembro. Ela dizia que não tinha feito mais que sua obrigação, era lobinha, mas não dizem que os escoteiros estão Sempre Alerta? Alguém disse para ela - SAPs Cilene! Valeu! SAPs? Que isto? Não é Sempre Alerta? Detesto o tal de SAPs pensou. Risos. Escoteiros, ah Escoteiros. Estão aí por todo lado, observando, olhando, escolhendo, sorrindo, apertando mãos dos amigos e irmãos, e claro sabendo sempre o que acontece em sua volta. Eles são espertos, bons meninos e meninas, vivendo a lei e a promessa como um dia juraram em suas promessas. Eles estão sempre alerta sempre e nunca SAPs sempre. Mais risos.  E eu? Eu nunca esqueço Pitito Modinha e o que disse o meu amigo Dalai lama: - “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver”!

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