Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

terça-feira, 7 de abril de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Chefes Escoteiros que ficaram na história.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Chefes Escoteiros que ficaram na história.

... - Um artigo que demorei a escrever. Precisava lembrar. Escrever sobre homens que foram heróis do escotismo e deram sua vida e sua alma pela palavra, pela lealdade, pela fraternidade e respeito ao próximo. Homens forjados como escoteiros padrões que nunca mais serão esquecidos. Quantos deles hoje temos por aí?

- Estamos vivendo uma nova era do escotismo. Lideranças aparecem e desaparecem sem deixar rastro. Alguns permanecem tentando escrever seus nomes nas páginas da história do Escotismo Brasileiro. Os antigos deixaram um rastro de realizações muitas vezes esquecidas. Os mais novos tentam mudar nosso destino como se eles soubessem onde devemos chegar. Quem acompanha os autores do novo escotismo sabe que muitos desaparecem e a gente não ouve mais falar. Nas páginas dos novos poetas, pensadores, doutores professores e pedagogos a educação escoteira tem outra forma de fazer e interpretar. As idéias de B-P não servem mais para os novos tempos. Alguns falam pelos jovens dizendo que eles se preocupam mais com as descobertas da física, da matemática, das descobertas tecnológicas e que o sonho escoteiro em viver na natureza desapareceu. O escotismo está sendo substituído pela sala de aula, pela sede, por um programa dito moderno e viver na natureza é coisa do passado. Sabemos que os interessados ou os jovens não foram consultados e nem deram oportunidade a eles de experimentar a verdadeira vida escoteira no campo.  

Como sou um eterno encarquilhado vivente no passado costumo às vezes dar asas à imaginação e lembrar-se dos velhos tempos para não morrer de tédio nos dias de hoje. Acho que sou e serei sempre um eterno saudosista dos tempos idos que marcaram uma geração. Homens e mulheres forjados no verdadeiro espírito Escoteiro onde a fraternidade o respeito era um fato não importando sua hierarquia sem distinção de classe, credo ou mesmo burocracias exigidas para provar que é um Escoteiro do Brasil. Hoje me lembrei de alguns nomes que ficaram na história escoteira. Nomes que dignificaram o Escotismo Brasileiro e adeptos “Sine qua non” do programa Badeniano. Nomes que nunca serão esquecidos passe o tempo que passar. Se eles estão lá no Grande Acampamento, se abraçando, confraternizando seja de que pais ou associação for eu não sei. Desculpem-me não anotar tantos outros que merecem também seu lugar no “Panteão Escoteiro da Pátria”. Minha única intenção foi de mostrar que já tivemos homens escoteiros que pudemos orgulhar.

- Quem já ouviu histórias do Velho Lobo? O primeiro a ter este cognome no Escotismo Brasileiro. Benjamim Sodré, o Almirante famoso que emprestou seu nome para a história escoteira e soube muito bem explorar a metodologia entre os pares que viveu e conheceu. Sua história escoteira é rica em detalhes, em construir felicidades, em dar sem receber e dar um aperto de mão honesto e dar toda sua colaboração no engrandecimento do Escotismo Brasileiro. Vamos pular o grande Velho Lobo e procurar nas páginas da história outro que foi um orgulho para todos nós. O Ministro Guido Mondin. Ministro? Sim, tivemos um ministro, valoroso, não vaidoso, que fazia questão da flor de lis da lapela onde estivesse. Gostava de dizer que era Escoteiro de coração. Não tinha meias palavras, não gostava de bajulação. Sempre pronto a colaborar com o escotismo brasileiro sem ostentação. Não se colocou em um pedestal, como muitos fazem hoje. Seu poema ficou na história e dizia tudo sobre seu temperamento e do que achava dos novos chefões que hoje pululam por aí.

- Escoteiro... - “Despe teu uniforme, interesseiro, Pois não é nele que vive a Disciplina”. Nem por vesti-lo te fazes Escoteiro, Como o exige nossa lúcida doutrina. Que importa a Promessa que te ensina a ser da nossa causa um Cavalheiro, sem a conquista da insígnia peregrina do caráter de um homem verdadeiro? Escotismo é escola de Lealdade, de Amor, de Ação e Inteligência, isenta de arrogância e veleidade. Se não o compreendeste, então importa que o construas primeiro, na consciência. Cumpre a nossa Lei… e depois volta! – Falar mais o que deste homem?

- Vamos em frente. Não podemos esquecer-nos do Chefe João Ribeiro dos Santos. Um Escoteiro que preferia o título de Chefe a ser chamado de doutor. Um homem cativante, alegre e conhecedor do escotismo que nem podemos imaginar. Seu exemplo foi servir. Servir ao próximo, a comunidade e principalmente o escotismo que era um apaixonado. Suas obras Escoteiras ficaram para sempre marcadas na memória. Suas letras musicais inesquecíveis. Quem não se lembra da divertida “Panelas”? Da “Canção do Lobinho”? E daquela que é cantada até hoje de norte a sul do Brasil? – “Viemos do norte, do sul e do leste, viemos do oeste de todo Brasil”! Demais. Quando milhares de jovens repetiu seu canto dizendo: Lavando as panelas somos todos irmãos! Uma frase que ficou na história. Ele viajava pelo Brasil para dar cursos, foi agraciado na época com os títulos mais desejados de Gilwell Park tais como ADCC (Assistente Deputado Chefe de Campo) e depois DCC (Deputado Chefe de Campo) sabemos que poucos conseguiram ter.

E o Chefe Francisco Floriano de Paula? Seus livros foram sucesso e até hoje lembrados. “Para ser Escoteiro” ficou na história. Desmembrado em três partes, Noviço, Segunda Classe e Primeira Classe foram lidos pelos escoteiros de norte a sul do Brasil. Doutor, Professor catedrático, deu sua vida pelo escotismo. Já Velho quase cego dirigia cursos nos campos escola sempre ajudando e colaborando. Tivemos muitos homens escoteiros valorosos, mas não posso me esquecer dele, um exemplo de amor ao próximo, que teve a audácia de conseguir verba estadual para custear cursos a chefes de todo o estado. Tive a honra de tê-lo como Diretor do meu primeiro Curso da Insígnia de Madeira. Tive a honra de apertar sua mão, tive a honra de abraçá-lo como um filho e nunca mais esquecê-lo.

Foram muitos os Grandes Chefes que ficaram na história. Discorrer sobre cada um deles seria uma honra, mas precisaria de um livro. Fico aqui algumas pequenas lembranças. O meu amigo Sauro Bartolomei, um sorriso nos lábios, incapaz de uma critica ou uma ofensa. Viajava para onde o convidavam sem nada cobrar. E o meu líder meu mentor e orientador Chefe Darcy Malta, um homem a quem devo tudo na vida escoteira. Fico em lágrimas só de lembrar. E hoje? Como são forjados os novos lideres do Escotismo Nacional? Tem algum que vai para os anais da história? Que raça temos que não sabe ouvir, que se acha salvador do Escotismo, esquece artigos da Lei como o que diz que somos todos irmãos. Que raça estamos criando onde primeiro se vê brigas, processos condenatórios, exigências burocráticas, e uma corrida desenfreada atrás de valores financeiros? Arrogam-se como juiz a dizer que é o dono do nome Escoteiro? Já me perguntei e não reluto em perguntar novamente: - Baden-Powell deu por escrito seus direitos autorais? Disse que o escotismo pertence a algum país? Quem pode se arvorar como dono? Isto é escotismo?

                              Ainda lembro com saudades do nosso passado, do nosso marketing, do proselitismo Escoteiro, de grandes empresas, organizações da mídia que faziam para nós. Hoje isto não mais existe. Normas, exigências, fiscais escoteiros para saberem quais são as nossas ideias e ideais escoteiros. Se alguns destes novos lideres que dirigem ao seu modo o escotismo brasileiro ficarão na história do Escotismo Brasileiro eu não sei. Temos sim uma nova safra junto aos jovens, se sacrificando, dando o seu melhor, ouvindo e entendendo o que eles querem e sonham. Uma pena que quando temos oportunidade de nos apresentar para a sociedade e ser visto pela população somos comentados achincalhados em nosso garbo e apresentação. Sei que ainda temos chefes de valor, que procuram dar nome e honra a sua atuação escoteira. Saudades de uma época, de homens dignos que elevaram o nome Escoteiro neste nosso país chamado Brasil.

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