Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A CIDADE FANTASMA



A cidade Fantasma

Lembrando do passado. Dizem que é bom. As saudades substituem os pensamentos que vagueiam com os problemas do dia a dia. Eu era sub monitor sênior. Patrulha Gavião. (só mais tarde sugeriram nomes históricos ou lugares históricos para nomes de patrulhas seniores.)

Há tempos sabíamos da “Cidade fantasma“ próxima ao rio caudaloso que acompanhava a estrada de ferro. Bem perto onde morávamos. Duas horas de trem. A História era antiga. Quando da construção da Ferrovia, devido ao ataque freqüente dos Índios Aimorés e da malária, que dizimava completamente a maioria dos trabalhadores, não havia peão que ficava muito tempo na Empresa encarregada da construção. De cada vinte contratados, pelo menos oito morriam.

  - O Governo pressionado, pois queria a todo custo terminar a obra, ofereceu liberdade condicional aos presos na Capital de algumas grandes cidades, em troca do trabalho forçado para a Estrada de Ferro. Pelo contrato, após três anos de serviço, estariam livres.

  - A lenda contava que em uma determinada cidade, como muitas que apareciam com a ferrovia à maioria dos criminosos ali residiam. O padre local sempre fora contra este tipo de coisa e era freqüentemente jurado de morte pelos bandidos.

Durante uma procissão da Semana Santa junto a milhares de fieis, agarraram o “dito cujo“ e o enterraram em frente à Matriz só com o pescoço para fora. Dizem que suas últimas palavras foram que não ficaria pedra sobre pedra naquela cidade. A maldição parece que “emplacou“. Dai há alguns anos a cidade foi ficando deserta e praticamente não ficou uma viva alma. (a Estrada de Ferro mudou de itinerário e a população acompanhou, fundando outra cidade). 

  Pegamos o trem rápido das nove da manhã. Onze horas e chegamos a Barra do Cuieté. Mais oito quilômetros e chegamos à antiga Cuieté. Passava das duas da tarde quando avistamos a tal cidade. Havia uma rua com calçamento de pedra e pequenas paredes caídas. Era o que restavam das casas que ali existiram.  Montamos barraca bem próximo onde devia ser a antiga praça. Queríamos ouvir o famoso grito do Padre que todos juravam ouvir após a meia noite.

   Era um desafio a nossa coragem. Se existia uma lenda, nós seniores iríamos verificar se era verdade ou não. Não perguntamos e não pedimos orientação a ninguém. Ali eram os quatro mais experientes do Grupo. Não havia nada que não enfrentávamos de frente.

  - A tarde corria solta. O sol se pôs no horizonte e se foi. A noite chegou brava e eu estava fazendo o meu “Celebre e histórico“ sopão. Ainda não eram nove horas da noite. O Grito foi ensurdecedor! - Gelei! - Os “mosqueteiros“ correram para a cozinha. Nosso lampião a querosene dava uma iluminação bruxelante.

 Ficamos ali grudados uns aos outros. Era uma tremedeira geral. O Grito aumentava mais ainda quando o vento soprava mais forte. Caminhamos em direção ao Grito. Não preciso explicar como estávamos. Para dizer a verdade, minha calça curta estava toda molhada na frente. O bravo escoteiro agora era um “escoteiro mijão”. Risos.

O grito vinha da praça onde enterraram o padre, pensei. - O medo aflorava a pele! - Mas éramos persistentes e insistentes. Caminhávamos no rumo da pedra onde pensávamos vinha o grito. Grito? Uma grande piada.  O grito  do padre nada mais era que uma fenda que ia de um lado a outro de uma grande pedra bem no meio da antiga praça.

 O vento forte vindo do rio próximo entrava pôr um lado e saia pôr outro e uma espécie de apito davam impressão de um grito. Todos na cidade sabiam da historia. Não nos contaram. Diziam que sempre vinham "otários” de todas as partes para ver. Nada mais a dizer, os “otários” voltaram para suas casas. Pelo menos a investigação chegou a bom termo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário