Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O SIMPÁTICO MACAQUINHO QUINZINHO



O simpático macaquinho Quinzinho.

Quando escoteiro tínhamos facilidades de acampar sempre. Seja com a tropa ou com a patrulha quase sempre passávamos o fim de semana no campo. Todas as patrulhas tinham suas escolhas. Seus locais. A nossa, a Raposa sempre que podíamos acampávamos na Fazenda do Chico Flores. Perto, menos de seis quilômetros. Uma aguada maravilhosa e um grande bambuzal que poderíamos usar a vontade. Menos de cinco quilômetros do Rio Doce.

Chico Flores e sua esposa dona Alice Flores eram um casal de velhinhos muito simpáticos. Nem precisávamos avisar e quando lá chegávamos, ele dava um belo sorriso. Sua casa era simples, ainda de barro, mas por dentro era um brinco. Dona Alice com seu eterno sorriso. Os filhos na capital estudando. Uns boizinhos (como ele dizia, mas eram mais de 2.000 cabeças), uns porquinhos, galinhas e uma centena de bodes e avestruz.

Estávamos voltando pela segunda vez aquele mês. Uma investigação se fazia necessária. Na última vez, fomos roubados em toda nossa alimentação. Quem roubou abriu a porta da barraca de duas lonas facilmente. Ela estava bem presa e não sobrou nada. Tínhamos naquela época três tipos de ração. Ração A – Arroz feijão, batata e macarrão e dois pedaços de lingüiça. Óleo, sal e sabão. Tudo dividido por cada patrulheiro. Nossas mães colocavam em saquinhos e vidrinhos, fácil para levar na mochila. A ração B era mais ou menos a mesma, mas para dois ou três dias. E por último a ração C – Maior. Comprada no Armazém do Seu Zé Mutum. Ele fazia um preço especial para nós. Nossos pais pagavam com a caderneta mensal.

Dormíamos na sede a noite na sexta, e lá pelas quatro da manhã já com a carrocinha preparada partíamos. Menos de duas horas e já estávamos no local. Montamos o campo como se não soubéssemos de nada. Fizemos um almoço e sabíamos que era de primeira. Fumanchú nosso cozinheiro tinha fama de ser p melhor cozinheiro de todas as patrulhas. Após a limpeza do vasilhame e do campo, saímos como se fossemos fazer uma excursão. Nosso material de sapa e alimentação era guardado na barraca de intendência. As lingüiças penduradas no teto da barraca para durar mais.

Voltamos e nos escondemos em uma saliência a menos de oitenta metros do nosso campo. Não demorou. O ladrão chegou. Olhou para um lado, para o outro e como se fosse treinado abriu a porta da barraca. Levou o que podia. Voltou logo, levou mais. Romildo o monitor pé-ante-pé o prendeu dentro da barraca. O danado nem gritou. Punha a mão entre os olhos e mostrava seus belos dentes como se aquilo fosse uma diversão.

Ficamos seu amigo, ele ficou nosso amigo. Quando íamos acampar ali estava ele. Claro que não nos esquecíamos de levar suas duas dúzias de banana caturra. Sua preferida. Quinzinho nunca foi esquecido. Um macaquinho lindo, amável e educado. Claro, roubava comida, mas para ele não era roubo. Ali era seu habitat. Ele era o dono. Nascera ali. Tinha o seu direito. Nós éramos os invasores. Nas outras vezes nem chegávamos e ele saltava em nossas costas com aquele sorriso brejeiro.

O tempo passou, crescemos outras plagas, agora mais longe em busca de novas aventuras. Não esquecemos Quinzinho. Quando podíamos íamos lá de bicicleta sempre levando suas bananas. Mas nem tudo dura para sempre. Um dia não vimos mais Quinzinho. Para onde foi se morreu, se o levaram para um circo qualquer. Foram muitas saudades. Muitas. Quinzinho teve seu lugar de honra no livro da Patrulha Raposa. Acho que está lá até hoje!

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