Parábola da Televisão,
Internet, Celular e o Acampamento.
A lição de Olhos Azuis
Profundos!
Olhos Azuis Profundos
chegou a sua casa aborrecida. Todos os dias a rotina era a mesma. Escola,
amigas, casa, TV, internet e seu inseparável celular que lhe fazia companhia
vinte e quatro horas por dia. Queria mudar. Fazer outra coisa. Mas fazer o que?
Entrou e quando chegou à porta do seu quarto ouviu alguém conversando. Quem
era? Ninguém podia entrar ali. Seus pais, seu irmão sabia que ela não aceitava
intrusões em seu quarto. Queria privacidade.
Abriu a porta devagar. Viu a
Internet falando. Junto a Televisão e uma Barraca imaginária. Depois soube que
era o símbolo do acampamento. Dizia a Internet: - Ainda bem que Olhos azuis
Profundos têm a mim. Dou diversão a ela o tempo todo. Comigo ela viaja pelo
mundo, conversa com os amigos, faz trabalhos escolares e me lendo pode até
sonhar! Todos riram da Internet. Deixa disso metida, disse a Televisão. - Olhem
quem dá ela as novelas? Quem a deixa ver em uma tela grande seus filmes
preferidos? Quem lhe dá opção de deitada ou descansando em uma poltrona ao
simples toque de um controle escolher os melhores canais do mundo? E olhe, se
ela dormir, ou cochilar eu não paro de funcionar. Fico colocando em sua mente
tudo que passa em mim. – Uma revolta se apossou do celular que estava em sua
mão.
- Ele gritou e esbravejou. –
Metida e metido! Podem cair fora! Eu sou o preferido dela. Afinal ando em sua
bolsa, em sua mão, ela faz de mim o que quiser. Conversa com amigas, lê suas
mensagens, passeia no Facebook e no Orkut comigo e quando quer acha em mim
todos os canais que você Televisão soberbamente se jacta de ter! Eu sou o
único. O seu preferido. Quando não me tem a mão ela chora. Reclama. Por isto
tenho que estar sempre presente.
O acampamento estava calado.
Era humilde. Nunca se revoltou. Agora mais triste se sentia, pois só falavam em
novos tempos. Sabia que Olhos Azuis Profundos não era Escoteira. Pensou em nada
dizer. Mas ele sabia de sua importância. Pediu se podia falar. A Internet, a
Televisão e o Celular riram bastante. O que uma barraquinha “mixuruca” tem a
dizer? O acampamento era educado. Não gostava de jactar-se. Nunca fez isso.
Sabia de sua importância para quem o conhecia.
- Eu meus amigos, poderia
oferecer a ela o perfume das flores silvestres. Poderia mostrar a ela a mais
bela e misteriosa flor da floresta, o desabrochar de Orquídea branca lá em cima
da montanha no carvalho centenário. Ela iria ver os olhos brilhantes como os
dela na Coruja buraqueira da noite escura.
Poderia mostrar a ela a beleza do Balé dos Beija Flores na primavera.
Ensinar a ela a seguir as estrelas brilhantes no firmamento. Quem sabe um
passeio de sonhos na Via Láctea? Iria ensinar a ela a reconhecer as estrelas,
que sabe a Alfa-Centauro? Já pensou ela ver a chuva caindo na mata? Leve, calma
como se fosse uma linda sinfonia imperdível aos ouvidos de um mateiro. E a
noite iria cantar com ela em volta do fogo junto a tantas amigas que lá
estarão.
- E continuou – Ela iria
sorrir com o nascer do sol, e maravilhar-se com o por do sol, iria jogar,
passear, fazer jornadas, ter uma fome tal que comeria um elefante o que não faz
agora. Iria tenho certeza maravilhar-se na piracema, a ver os peixes
saltitantes na cascata da nevoa branca, tentando alcançar o inatingível. Ela meus amigos iria sentir orgulho de si
mesma. Não seria mais dependente, pois ali iria aprender junto à natureza uma
vida de aventuras. Ela iria colocar uma mochila e partir para um mundo de
sonhos, onde nada estava previsto. A descoberta seria dela. Ela iria aprender a
fazer fazendo e depois meus amigos quando retornasse, ela saberia que o
escotismo e eu poderemos lhe oferecer muito mais.
- O Acampamento com
tristeza disse para terminar – Nossa jovem meus amigos em breve terá as pernas
e os braços atrofiados. Ela não anda mais. Agora viajam com vocês vendo outros
fazerem e ela nada fazer. Sua mente irá desaparecer na loucura do tempo. Nunca
irá ver Deus em plena natureza, na cascata do riacho, nas campinas verdejantes,
na noite e no amanhecer de um novo dia. Eu fico triste por ela. Triste porque
só ela pode dizer sim ou não e vocês e eu somos meros coadjuvantes! E sabem?
Fico triste por vocês, pois se a luz faltar e a bateria acabar vocês
desaparecem como o vento na tempestade. Eu? Nunca vou desparecer, com chuva ou
não, tendo eletricidade ou não. Eu sou a mão de Deus aqui na terra!
Olhos Azuis Profundos
suspirou fundo. Nunca imaginou que aquela barraca era tão sábia. Quem era ela?
Escoteiros? Já tinha ouvido falar. Tomou uma decisão. Procurou na Internet
endereços de um Grupo Escoteiro. A Internet riu com orgulho. Ligou a TV e viu
um belo acampamento passando em um canal. A TV deu gargalhada. Chamou pelo
Celular uma amiga que conhecia outra que era Escoteira. O Celular explodiu em
felicidade.
Olhou para o Acampamento e
disse meu amigo, você me convenceu. Vamos acampar? E lá foi ela com o
acampamento, sua nova mochila e deixando para trás a Internet, A Televisão e o
Celular. Eles tentaram reclamar, mas Olhos Azuis Profundos disse – Não vou
levar vocês. A natureza não pode se misturar a modernidade. Verei Deus ao meu
lado e poderei sonhar com uma viagem nas estrelas brilhantes e quem sabe, pegar
uma carona em um cometa azul? Mas eu volto, sempre pensando no meu amado e
adorado acampamento. Adeus, ou melhor, até logo meus amigos eletrônicos, que
surgiram com a natureza, pois foi ela quem fez vocês!
Nenhum comentário:
Postar um comentário