Conversa ao pé do fogo.
Civismo, garbo e boa ordem.
Resolvi hoje republicar este artigo. Nele falo do passado o que nem
todos gostam e emendo com o presente, pois é mais atual. Quando quero descansar
um pouco a mente costumo passear por páginas de amigos e sempre dou uma olhada
nas fotos vendo o civismo, o garbo e a boa ordem do Grupo Escoteiro. Um fato
tem me chamado a atenção. Os jovens estão se uniformizando melhor que seus
chefes. Posso afirmar que estão brilhantes na sua postura e apresentação. Graças
a Deus que não tem como exemplo os mal uniformizados. (Nem todos peço perdão).
Não importa qual uniforme escolhido pelo grupo, seja o cáqui seja o azul
mescla. Nem comento o novo. Para mim foi a pior escolha feita pela UEB imposto de
maneira autoritária apesar de dizerem o contrário.
Mas vou enveredar para outro tema. Diversas vezes assisti e ouvi
comentários diversos sobre ordem unida nas seções escoteiras. Eu mesmo tive
experiências, algumas boas outras nem tanto quanto a ordem unida, marchas
militares etc. Não sei o quanto isto implicou com minha formação escoteira e
formação de vida. Por um lado acho que foi bom e por outro não sei. E olhe,
marchei muito na minha vida, tive instruções de ordem unida por muitos anos.
Ops! Isto não impediu incríveis e maravilhosas aventuras e acampamentos
escoteiros.
Quando fiquei adulto, comecei a ver o escotismo de outra forma. Não na
sua parte de Princípios e Métodos, isto não. Alguns membros de
equipes de adestramento (hoje formação, incrível a mudança da UEB), diretores
nacionais e regionais não aprovavam muito a ordem unida. Diziam que o escotismo
não é militarista e etc. e etc. No desfile devíamos apenar andar sem marchas,
garbosos (?), apenas mantendo o corpo ereto e o espírito escoteiro.
Participei de alguns desfiles conforme as instruções dadas. Senti-me um
peixe fora d’água. Nunca vi tamanha mentalidade que prefiro não comentar.
Lembro que no passado, lá pelos idos de 1920/50, em algumas regiões
escoteiras diversos políticos nacionais e regionais em cargos de relevo,
aprovavam o escotismo de tal maneira, que, quase era obrigatório ter um Grupo
ou Associação como se dizia na época em todas as escolas. Na falta de chefia,
as polícias militares e o exercito eram convidadas a colaborar. Muitos cursos
foram dados a estes, mas nem todos proveitosos. A maioria fazia o que sabia no
quartel. Ordem unida e marcha.
Por uma época quando jovem tive um chefe de grupo (diretor técnico hoje
– não gosto desta mudança) era militar (indicado pelas autoridades da cidade) e
passamos a ter muitas atividades de ordem unida, marcha militar e até uma
pequena fanfarra foi adquirida. Participei dela. Tenho saudades. Claro, as
atividades de tropa, o sistema de patrulhas e as atividades extra sede eram
frequentes. Nesta época sempre nos portávamos com uma postura pseudo militar o
que para nós significava garbo e boa ordem. Acho que valeu muito para a minha
disciplina e postura quando adulto.
Hoje aconselho sempre que posso, que uma postura como esta é necessária.
Admito que alguns pensem o contrário, até aceito, mas não acho válida
participação de atividades cívicas, onde todos estão com uma postura e o
escoteiro mantém outra. Dá uma impressão de indisciplina ou quem sabe
displicência.
Fiz diversas pesquisas deste assunto na internet e vi que muitos
psicólogos e pedagogos (nem todos) dizem o contrário do que penso. Acham que a
formação não precisa disto e o movimento escoteiro também. Não sei. Não
concordo. Vi uma juventude crescer e se tornarem ótimos cidadãos. Precisamos
mais de disciplina e respeito na juventude atual. A liberação, a escolha e a
forma que é mostrada atualmente não me satisfazem. Prefiro um grupo sério no
seu pragmatismo a outro liberal. Acredito que ambos podem atingir o seu
objetivo, mas prefiro o primeiro no sentido mais disciplinar.
Ao formar patrulhas, matilhas, ou mesmo adultos escotistas em atividades
próprias, insisto na disciplina, na postura militar sem exigir claro, igualdade
aos métodos militares. Também parabenizo Grupos Escoteiros que treinam seus
jovens quando das atividades cívicas e mostram um garbo próprio quando dos
desfiles, recebendo o carinho da comunidade e os aplausos da população que ali
comparecem. Ao contrário, aqueles que simplesmente passeiam, mesmo que
disciplinarmente, não serão bem visto pela sociedade presente. Poderia dar
centenas de exemplos.
Durante meus 65 anos vividos no Movimento Escoteiro, acompanhei milhares
de jovens recebendo o mesmo que recebi, e todos, quase sem nenhuma exceção são
pessoas bem radicadas na sociedade, com caráter e elevado espírito escoteiro, o
que diz tudo. Abomino qualquer outra característica que nos trazem os
pensadores, a respeito de nossa juventude escoteira, mas acredito é claro, que
também a forma apresentada por estes podem dar excelentes resultados.
Enfim, um pouco de ordem unida em suas seções, podem trazer excelentes
benefícios no futuro e não fazem mal a ninguém. Não me convidem para uma
atividade cívica onde os jovens estarão andando displicentemente, ou atividades
escoteiras onde a postura é deixada a desejar. Lembro a todos que me leem que
não sou o dono da verdade. O outro lado também pode dar muitos resultados
satisfatórios.
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