Conversa ao pé do fogo.
O filho do "Chefe"
A meditação nos trás muita
paz e as vezes respondem as nossas inquisições do dia a dia. Eu gosto de
meditar. Principalmente sobre o nosso Movimento Escoteiro. Sempre volto ao
passado mesmo que muitos acham que foi um tempo que passou e não voltam mais.
Mas fui até lá, naquele bem distante e depois fui percorrendo o caminho que
conheci até chegar os dias de hoje. Quando jovem nossos escotistas eram
oriundos do próprio movimento Escoteiro. Difícil explicar e difícil de muitos
entenderem. Os jovens ficavam mais anos e a evasão era menor. Enquanto isso
aconteceu se manteve o tradicional e o sistema de patrulhas que aprenderam em
sua mocidade.
O tempo foi passando.
Já não havia tantos escotistas oriundos das próprias tropas. Alguns voluntários
adentraram no escotismo. Isto foi bom, pois mantivemos o crescimento que
desejávamos. Pequeno é claro, mas satisfatório. Infelizmente a evasão começou a
aumentar. Acontece que as cidades crescendo e a falta de adultos se tornou uma
tendência que poderia até prejudicar o andar do escotismo em termos nacionais.
O número de escotistas
advindo das tropas foi suplantado pelos pais. Um número crescente deles
adentrou no escotismo. Aos poucos eles assumiram posições diversas na
hierarquia escoteira e para nossa felicidade mantiveram o escotismo unido. No
entanto foi aí que começaram as mudanças. Todos é claro sempre acreditaram que
o faziam em beneficio do escotismo. A maioria dos pais permaneceram nas sessões
escoteiras do grupo. Muitas tropas e alcateias devem agradecer a eles as suas
atividades e continuidade.
Como foi essa chegada
dos pais? O filho ou a filha interessa em participar. A mãe ou o pai ou ambos o
levam a um Grupo Escoteiro mais próximo. Isto acontece muito nas cidades
maiores. Difícil deixar o jovem ir e vir só. Já não confiamos como antes. O pai
ou a mãe ficam ali esperando o final da reunião. Duas três horas (depende muito
do Grupo que leva a sério a pontualidade Escoteira e a retidão do horário). É
cansativo. Mas chega uma hora que passam a gostar das atividades. E se já ficam
ali esperando porque não participar diretamente? (o começo do vírus escoteiro é
aí – risos)
Quando entra o casal
muito bom. Se não pode haver discordâncias no lar. Claro que o filho une a
todos e o seu sorriso quando de uniforme faz com que os pais se entendam
maravilhosamente. (tem casos que não).
Ai vem à parte mais difícil. Deixar que o filho ande com suas próprias
pernas. A proteção familiar sem perceber se estende ao grupo. Muitos pais
acreditam piamente que isto não acontece. Os demais chefes da sessão olham de
outra forma. Quando o Grupo Escoteiro tem boa estrutura tudo se resolve
satisfatoriamente.
Mas não é fácil. O
espirito Escoteiro ainda não foi assimilado. Existem casos que isto até
prejudica ao filho. Principalmente quando um dos pais é o titular da sessão e
quer mostrar que ali não tem proteção. Outros casos são os pais que tem receio
de fazer certos tipos de atividade que julgam ser perigosas. Não viveram aquela
situação e não é fácil participar confiando. Se temos nas sessões escoteiras
escotistas bem formados o problema inexiste. Caso contrário à discórdia poderá
se um fato que prejudica em muito o filho ou a filha que aos poucos vai
sentindo uma animosidade com sua pessoa.
Não é fácil a
convivência entre adultos seja no escotismo ou em qualquer parte da sociedade.
Uma solução seria um Diretor Técnico com mentalidade aberta, democrático e com
boa vivencia no escotismo. Teria que ser um “Salomão” para resolver contendas,
um psicólogo para aconselhar e um político (no bom sentido) para resolver tudo
entre todos os participantes adultos. Mas sabemos que temos poucos desses
escotistas no cargo de Diretor Técnico.
Pelo que vejo pelo que ouço e por histórias contadas o Conselho de
Chefes de Grupo praticamente inexiste em boa parte dos grupos escoteiros.
Mas apesar de tudo, se
não fossem os pais o destino do escotismo teria sido outro. Talvez bem pior.
Eles trouxeram sangue novo. Ideias novas. Vontade de fazer e agir. Louvo isso.
Só está faltando que aqueles que aderem a órgãos superiores sejam mais
compreensivos nas decisões e na formação de ideias, pois muitos estão dizendo
até que BP está ultrapassado, que o mundo é outro, que os jovens aspiram outra
forma de atividade. Mil explicações.
Não discuto. Até acho
válido. Quem sabe esses poucos que pensam assim não deveriam criar outra
organização? UJF (união dos jovens do futuro). Ali eles ou até mesmo escotistas
mais antigos poderiam por em prática tudo que acham válido, podem ser
criativos, ter um belo traje, um lenço diferente (quem sabe um belo chapéu
australiano – risos). Poderia até ser um caminho que precisamos para trazer
todos os jovens a uma organização infanto juvenil. Mas o escotismo não. O
escotismo é único. O escotismo é aquele de BP. Adaptar sim mudar nunca. A época
da carrocinha passou. Não dá mais para sair em Patrulha com ela ao campo. Agora
precisamos adaptar outros meios de transporte. Mas só nestes poucos casos posso
concordar.
Bem vindo os pais. Eles
são hoje o baluarte do Escotismo nacional. Tem um longo caminho ainda a
percorrer, mas quem sabe eles serão a solução do futuro? E para encerrar, não
se esqueçam. Se querem mesmo mudanças lembrem-se da UJF. Lá é o lugar certo
para isso. Risos.
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