Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Crônicas escoteiras. Paranapiacaba, a vila dos sonhos Escoteiros.



Crônicas escoteiras.
Paranapiacaba, a vila dos sonhos Escoteiros.

                       À primeira vista fazer escotismo aventureiro ao ar livre em São Paulo quando cheguei nesta cidade que passei a amar por volta de 1977 era tarefa de gigantes. Fui descobrindo e vendo que quem quer anda e consegue, quem não quer senta e dança a roda das galochas. Não esqueço a primeira vez que fui a Paranapiacaba. Para ser sincero nem me lembro de quem foi à ideia. Adoro andar de trem e tendo oportunidade lá fomos nós, eu mais dois chefes e uma patrulha de monitores.

                      Uma hora e pouca de viagem. Naquela época tinha trem todos os dias. Hoje? Acabaram com tudo, dizem que foi para preservar a vila. Li uma vez na Folha - CANDIDATA A PATRIMÔNIO MUNDIAL, PARANAPIACABA TENTA RESISTIR AO ABANDONO. A foto de trens e vagões abandonados não ficará para a posteridade. Deu-me um nó na garganta. Quantas vezes eu fui lá? Tantas que nem me lembro. Fui com monitores, com a tropa masculina e feminina, fui com seniores e fui com as guias. Claro fui também com a lobada querida e por último fui sozinho, a “Escoteira”, pois queria descer a Serra do Mar e quer saber? Foi delicioso. Um dia quem sabe vou contar.

                     Paranapiacaba foi projetada no século dezenove para abrigar operários da Ferrovia da São Paulo Railway Company que ligava Santos a Jundiaí. Uma pequena Vila de casas de madeira, mas como é linda. Na passarela da estação para a Vila a vista é maravilhosa. Como está na Serra do Mar à origem do seu nome que significa “lugar de onde se vê o mar” veio a calhar.  A São Paulo Railway inaugurou sua linha férrea em 1º de janeiro de 1867. Ela, primeiramente, serviu como transporte de passageiros; também serviu como escoamento da produção de café da província paulista para o porto de Santos.

                    Em 1874, foi inaugurada a Estação do Alto da Serra, que, mais tarde, seria denominada Paranapiacaba. Em 1969 desci a serra por ferrovia até Santos. Descer a serra foi um espetáculo a parte. Nunca esqueci a viagem. Incrivelmente bela. A descida era de tirar o folego e as cascatas, cachoeiras, corredeiras, matas, pássaros e animais eram visto a cada curva parecendo nos dizer: Bem vindo Escoteiro!

                     Uma vez com Guias e Escoteiras acampamos próximo à descida no Alto da Serra por três dias. Um local lindo, maravilhoso aguada e lenha à vontade. Riachos, corredeiras cascatas e o som imperdível aos ouvidos de um velho mateiro. Um jogo de aventuras foi demais. Ainda bem que a monitora possuía uma Silva e um Percurso de Gilwell perfeito.  Descobrimos uma pequena trilha que nos levou a locais lindos e nunca explorados. Durante dez anos fizemos da Serra de Paranapiacaba nosso local preferido para acampar. Tudo levado nas costas, bom demais!

Impossível descrever todos os acampamentos que fizemos lá. Os chefes, escoteiros, escoteiras guias e pioneiros que juntos vivemos dias maravilhosos e que estiverem lendo este artigo devem lembrar como tudo foi maravilhoso. Até os lobos viveram ali grandes aventuras como se tivessem entrado na Jângal de Mowgly. Como em todo local inexplorado a segurança vinha em primeiro lugar. Nunca foi um local para Pata Tenras.

                   Um dia Paranapiacaba saiu do nosso roteiro. Descoberta por marginais, rapazes e moças que iam lá para dar início ao seu vicio, falando palavrões, dando mau exemplo aos jovens fez com que deixássemos a beleza da vila, das matas e das cascatas para nunca mais voltar. Hoje o trem ainda vai lá, mas é um trem turístico somente aos sábados e domingos com horários determinados. Perdeu a graça. 

                   Dona Francisca uma moradora um dia escreveu: - Aqui a Vila é mágica. A Vila aparece e desaparece. Tem dia em que você vê o morro Tem horas que você não vê nada. Parece que o grande caldeirão que você põe para esquentar, e a fumaça vem para a vela apagar. Tem bruxa no pedaço com sua varinha de condão que põe fogo no fogão A fumaça aparece, e a Vila... Desaparece! Como em um passe de mágica. O morro a sorrir a fumaça há persistir O dia não passa, nem as horas. Só fica a fumaça na cidade mágica.

                  Faz anos que não volto lá. Poderia acrescentar outros lindos locais que acampávamos. O Sitio da Viúva, O Parque Anhanguera na área inexplorada e São Lourenço da Serra... Todos locais maravilhosos que tínhamos a porta aberta para acampar quando quiséssemos. Intercalávamos com acampamentos em outras cidades confraternizando com os Grupos locais. Lembro-me de Santa Barbara do Oeste e Pouso Alegre. Eita tempo bom. Se voltar na Terra quando partir quero continuar escoteiro... À moda de BP!

Nota - A Serra de Paranapiacaba - Dorme; repousa em teu sono, Da força pujante emblema, Que tens o oceano por trono E as nuvens por diadema! Imóvel, muda, imponente, Entestas com a excelsa frente Das águias o azul império; E em vastíssimo cenário. Da tormenta o quadro vário Contemplas do espaço etéreo. (somente a primeira estrofe). João Cardoso de Meneses e Sousa.

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