Conversa ao
pé do fogo.
Onde andam os
sonhos e as aventuras escoteiras?
Às vezes eu pego no meu
pé por ser intransigente exigente e pensando que todos pensam da mesma maneira
que eu para entender a metodologia escoteira que tão brilhantemente no meu modo
de entender Baden-Powell deixou para nós como herança. Costumo reclamar dos novos,
daqueles que ou não entenderam o que ele queria dizer ou então que seu tempo ficou
lá no passado distante e hoje a juventude procura novo meio para se divertir e
viver. Será mesmo?
Será que não nos
esquecemos de dar para eles o verdadeiro escotismo nos escondendo das
dificuldades de um novo meio de sobrevivência, acreditando que ele não tem mais
interesse, falando por eles, pensando por eles sem pelo menos tentar mostrar se
eles gostariam ou não daquele escotismo de aventuras, sem motor, sem avião, sem
patinetes elétricas e voltar naquela feita de madeira tirada no mato para fazer
de sua criação o verdadeiro sentimento da diversão que ele tanto sonhou?
Mas será que os chefes
de hoje pensam assim? Alguém vendeu para eles esta experiência do escotismo de
campo mesmo que seja em um parque fora da cidade, em uma área para passeio ou
mesmo um sacrifício para encontrar um belo lugar para acampar? Deveriam os
chefes estar mais ouvindo os Escoteiros e as Escoteiras. Mas será que estão?
Afinal se vê tanto Chefe querendo ser o dono das ideias, ser a figura principal
que esqueceu sua finalidade na tropa. Esqueceram que existem monitores. Mas
para que servem eles? Interessante, fotos e mais fotos dele o chefe falando,
dele agindo e decidindo. Cansa-me ver um comando crawl e o Chefe ali segurando
o menino e a menina. São escoteiros de porcelana.
Cansa-me ver a tropa
formada e monitores “dormitando” no bastão de sua patrulha. Cansa-me ver
acampamentos com o Chefe lá no campo dos jovens. Fazendo o que? Aprender a
fazer fazendo? Liberdade? Sonho de aventuras? Onde estão as fotos deles subindo
em árvores e descendo em uma corda por um nó de evasão? Fazendo uma ponte
pênsil, construindo um ninho de águia, o cozinheiro cozinhando e não pais que
ali estão e não entendo o que eles fazem lá. Existe o cozinheiro? Existe o
Escriba? Existe almoxarife? Existe o construtor de Pioneirias? Existe o
bombeiro aguadeiro? Só de nome ou de ação?
Não pegaram nada?
Fizeram mil cursos. Lá os formadores ensinaram mil coisas. Mas não ensinaram
que estes jovens em seus bairros têm amigos e se encontram sempre sem a
presença de nenhum Chefe? Nestas reuniões eles são os donos do programa, criam
suas atividades e acreditam que seus amigos do bairro serão para sempre? Uma
patrulha unida com os mesmos patrulheiros por dois anos? Se encontrando fora
das reuniões, amigos de verdade? Não sei, devem existir poucas por aí. Muitos
estão saindo por que pensaram que seria uma vida de herói e não foi. Um medo atroz de acidentes, um medo enorme de
eles saírem de suas asas, tanto medo que eles desistem. Nem os pais em suas
casas são assim. Brinco em muitos artigos que escrevo e costumo colocar lá – Xô
Chefe! Xô! Entenda o que você é e nunca será um deles. Seja um irmão mais Velho,
mas sem dominar, sem achar que só você se preocupa. Quer fazer o que eles
fazem? Chamem outros adultos, façam seus acampamentos e aprendam bastante às
técnicas escoteiras.
Sinto pena dos jovens
de hoje. Eles não terão histórias para contar. Um fogo do conselho onde o Chefe
dirige. Um jogo que só o Chefe dirige e explica para toda a tropa. Monitores
ali são enfeites. Uma jornada com o Chefe fora da fila olhando como se eles
fossem lobinhos e podem se perder. E eles acreditam que ali tem um sistema de
patrulhas. Não foi o escotismo do passado. Nunca foi. Se a proteção continuar
em breve teremos o escotismo nas escolas, ou seja, eles sentados em salas de
aulas com professores chefes falando, falando, falando e falando. Bem disse
Kipling: “Quem ao
crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do
lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite;... deixai-o seguir
com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado
e do encanto reconhecido...”.
Por entre junco e hera verdejante, correm nascentes de águas límpidas,
Junta-se à sede da minha alma ímpia esta cascata pura e refrescante
Já são audíveis os sons da cachoeira num simulacro à magia da natureza
Insetos e pássaros voam na certeza que Deus existe e a fé é verdadeira...
Junta-se à sede da minha alma ímpia esta cascata pura e refrescante
Já são audíveis os sons da cachoeira num simulacro à magia da natureza
Insetos e pássaros voam na certeza que Deus existe e a fé é verdadeira...
Nota -
Meus comentários são hoje exíguos. Não sei se devo falar ou continuar a
escrever o escotismo de BP. Adianta dizer que nos esquecemos de dar a eles este
sonho de aventuras este sonho de ser herói? Sempre a dizer que isso não
funciona, se nem mesmo eles experimentaram? Ao contrário do poema já não são audíveis
os sons da cachoeira, esqueceram-se da magia da natureza, nem sabem mais que
existem insetos e pássaros voando no céu. Nem sei se pensam que Deus existe e
que a fé não pode ser esquecida... Ainda digo... Louvado seja Deus!
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