Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Conversa ao pé do fogo. O grito de Patrulha.



Conversa ao pé do fogo.
O grito de Patrulha.

Prefácio: - No esporte, existem campeões e existem heróis. Campeões vencem porque são bons no que fazem e tiram proveito particular de suas vitórias. Heróis vencem quando menos se espera, superam seus próprios limites, e quando recebem os louros dividem suas vitórias com uma nação inteira... Augusto Branco.

              O escotismo é interessante. À medida que vamos conhecendo seu programa, sua metodologia, suas histórias e tradições, passamos a nos entregar plenamente a sua filosofia. Muitos não sabem explicar esta atração Badeniana. A cada reunião, a cada atividade, a cada acampamento nosso coração pulsa pensando que vai ser para sempre. O Fogo do Conselho? E a Canção da Despedida? E as amizades de Patrulha, de cursos de encontros escoteiros? Eita... Aguenta coração.

              Hoje me deu vontade de dar o Grito da Minha Patrulha. “Arranca uenka, lelenka”... Ilka, telita no globo... Orgulho de ser da Patrulha Lobo! Era assim mesmo? Acho que sim, nem lembro mais. Cada um que teve uma Patrulha sempre se orgulhou do seu grito. Já vi milhares. Não importa as frases, as tiradas, pois todos os gritos tem seu valor. Um Velho Chefe a quem chamavam de Velho Lobo me disse um dia que Gritos são tradições imutáveis. Eles existem para dar vida a Patrulha. É como se ela quisesse dizer: - Jovens, se unam como um todo em volta da fraternidade, pois aqui somos um só.

              E como é delicioso, agradável quando se vê uma Patrulha orgulhosa dando seu Grito de Patrulha. Cada tropa tem sua mística. Cada uma tem sua história para as patrulhas darem seus gritos. Tem aquelas que as patrulhas ficam em circulo fechado, bastão ao meio, todos ali segurando e o Monitor eleva acima o totem e todos eles dão o grito. Tem outras que se formam em linha e olhando a frente com o Monitor com bastão levantado dão seus gritos sorrindo deliciosamente. Não importa como. Aquele Velho Lobo também contou que pelo Grito conhecemos o Monitor e a tropa. Acredito ser verdade. Quantos artigos da Lei estão ali? Quem sabe a cortesia, a lealdade, a fraternidade, a honra o sorriso que vale mil palavras.

              Os Gritos mostram muito. A força simpática do Monitor mostra a alegria do mais antigo ao mais novo em participar. E quando terminam? Uma apoteose. Vejam o olhar! Vejam o orgulho de pertencer a Patrulha. Só quem esteve lá sabe como é. Não importa se o grito é longo, curto, se é em português, latim, francês, inglês, ou mesmo em linguagem galáctica ou em tupi-guarani. Não importa mesmo. Sabem o que é mais importante? Nunca aceite que troquem o grito. Ele é uma tradição e tradições se mantem firmes no coração de cada um.

               Alguém que assumiu a monitoria não gosta? O Chefe também? Mas meu amigo, quantos passaram pela Patrulha e hoje antigos escoteiros nunca esqueceram seus gritos? Quantos seguraram no bastão, gritaram alto para o mundo ouvir? Quantos nunca se esqueceram da vibração da Patrulha? O orgulho de pertencer a ela? Portanto grito não se muda nunca. É eterno. Para sempre. Forever!

             Em toda minha vida escoteira fui um eterno observador dos gritos de Patrulha. Lembro-me de um dado por uma Patrulha, em um Acampamento Regional de Patrulhas onde tive a honra de ser o Chefe do Sub Campo Sênior. Cento e trinta e seis patrulhas. Para mim na época uma apoteose. Uma delas de um Estado Brasileiro teve seu grito escrito escritos nos anais da história. O Grito demorava bem uns três ou quatro minutos. Quando as patrulhas terminavam os seus gritos corriam para se juntar a essa Patrulha e era um espetáculo fabuloso vendo todos juntos dando o grito dela.

             Gritos quando a Patrulha gosta não tem hora nem lugar. E nos acampamentos? Alvorada, lusco fusco da manhã, o orvalho caindo, um frio danado e lá estávamos nós. Bastão ao meio, totem levantado e gritava! Quem se importava com o sono? Com o frio? Se em uma excursão ou em uma atividade aventureira chegávamos ao ponto escolhido, com chuva ou sem chuva lá estava a Patrulha a mostrar que tinha orgulho, tinha união e seu grito nunca podia ser esquecido. Já dei com a Patrulha Lobo gritos em montes e vales, em altas montanhas, em diversos estados, dentro de vagões em viagens intermináveis.

            Quando cresci gostava de participar dos ajuris, dos ARPs, dos Acampamentos Distritais e Regionais tirando um tempo para ver e ouvir os Gritos de Patrulha. Dizem que hoje nestas atividades os gritos deixaram de existir. Dificilmente a Patrulha participa completa. Uma pena. Uma tradição que nunca deveria ser esquecida. Lembro que a Patrulha voltando de um acampamento, já noite de um domingo e passamos por um comício na praça da cidade, um candidato nos viu, desceu do palanque e pediu para darmos o grito de Patrulha. Atendemos sem reclamar ao Senhor Jânio Quadros!

             No escotismo temos os gritos de Tropa, do Grupo, do Distrito e o da União dos Escoteiros do Brasil. Todos são importantes, mas o Grito da Patrulha é único. Ele dá uma comichão no corpo, uma sensação deliciosa de pertencer aquela Patrulha. Lembro que quando alguém por um motivo qualquer fosse sair da tropa, dávamos o grito. O único onde não havia sorrisos só o Adeus da Despedida.

             Amo o escotismo, por todos meus setenta anos o Grito sempre me marcou. De escoteiro, de sênior, de pioneiro, e quando fiz o CAB e o Avançado de lobinho fiquei bambambã, só porque não tinha grito só grande uivo. Rs, rs.

          Que as patrulhas gritem. Alto e em bom som. Que mostrem a todos sua força, sua vontade seu orgulho em ser Escoteiro. Grito de Patrulha, quem já deu nunca mais vai esquecer!

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