Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Os donos do poder.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Os donos do poder.

Prólogo: - E o velho Chefe sorrindo completou: - Vocês não podem mudar certas circunstâncias ou situações, mas podem adaptar-se a elas sempre, escolhendo a forma do mal menor. Pode não ser o ideal, mas será o melhor. Aproveitem as oportunidades que lhes derem, mesmos que sejam aparentemente pequenas. As grandes árvores vêm de pequeninas sementes. Be Prepared!
                                                     
            Quem lê ou ouve alguém falar da Filosofia Escoteira, fica estupefato. É linda demais. Juventude unida por um só ideal. Voluntários que fazem de tudo para que esta estupenda ideia de um General Inglês possa dar frutos criando homens e mulheres dentro de um paradigma de amor ao próximo, lealdade, caráter honra e porque não uma ética escoteira em que todos possam viver fraternalmente. Muitos vieram dos velhos tempos outros dos novos tempos. Acredito que ambos conhecem a fraternidade, a cortesia e o respeito daqueles que se prontificaram a colaborar sem soldo, muitas vezes sem um muito obrigado. Brinco educadamente que o escotismo não tem dono, não pode ter. Ele é universal e o Fundador dizia que seus frutos seriam para manter a paz entre os homens para um mundo melhor.

             Mas eis que apareceram normas, regulamentos, regimentos, leis, roteiros de ação, estatutos, código de conduta e tantas outras para dizer o que cada um pode ou não pode fazer. Não existe mais o salomônico Chefe para mostrar o caminho e sorrindo dizer: - Vamos juntos fazer. Antes um escotismo alegre, solto, livre como o vento a correr pelos montes, pelas trilhas desconhecidas procurando um lugar para acampar. Hoje? Tudo mudou. Primeiro as normas, pedido escrito se pode ou não fazer. E claro ter a autorização do Chefe do Poder. Se isto fosse feito de uma maneira fraterna, educada, sem o cunho de imposição poderia ainda haver aquele sonho dos meninos correndo pelas matas das cidades sem um adulto ao seu lado para dizer aonde ir. Mas não, sem perceber apareceram os “donos do poder”. E então o escotismo mudou. Alguns chegaram com um sorriso outros arrogantes, ríspidos a dizerem o que é certo e errado, mostrando o artigo, a norma e a lei escrita por eles mesmos pensando que assim seria o certo para dizer onde pisar e escoteirar.

              Não critico normas, leis e o escambal. E por favor, não me venham dizer que os tempos são outros. Afinal os adultos de hoje são poucos os que sentam, se calam e ouvem o que o jovem tem a dizer. Não deram para ele o direito de escolha, daquele escotismo solto, sem amarras, do garbo, das aventuras e da vida ao ar livre. Não discuto normas, nos dias de hoje elas tem de existir. Se o aprender fazendo foi uma descoberta hoje é o Chefe fazendo e falando o que deve ser. A liberdade da responsabilidade já não é mais a mesma. O confiar na palavra escoteira deixou de existir. Agora se agarra a norma tal que um bando de lideres acreditou que seria o melhor para todos. Onde foi parar a mística? Aquele sorriso ao correr pelos campos para descobrir o imponderável? Onde foi parar o sonho da descoberta, a mangueira alta sombreada a beira de uma cascata de águas cristalinas para que se possa sorver seu néctar e a sede matar? Tudo agora é norma, é lei, ande reto e não pare a não ser quando eu mandar. Olhe você só vai se cumpriu seu dever se pagou a soma que lhe quiseram cobrar. E dizem que ele o General se vivo fosse faria assim também.

               Mas ainda vejo sorrisos, sonhos, vontade de acertar e caminhar como Caio Martins sempre caminhou. “Com as próprias pernas”. São meninos, meninas que se formam como um punhado de sonhadores a fazer um escotismo que acreditam poder realizar. Ainda temos chefes que fecham os olhos para os adoradores do poder e se metem a sair por aí com um bornal, cheios de fantasia, imaginação a procura de um escotismo encantado. Não foi assim que ensinou o General? Entristece-me a discussão de normas, regulamentos e o escambal. – Chefe, esta difícil... Não dá para continuar... Não dá? Se todos que são achincalhados e humilhados na sua sina escoteira pensar assim, quando iremos vencer esta batalha para dar aos jovens pelo menos uma parte deles que ainda acreditam na graça, no encanto na grandiosidade de um escotismo que julgam perfeito para fazer? Belo é o escotismo de quem acredita de quem luta e não desiste quando na curva encontram espinhos sem olhar direito e ver rosas formosas mostrando o caminho da felicidade.

             Sei que os donos do poder dificilmente vão mudar. Nos últimos anos fizeram uma “lavagem cerebral” não dando opções de escolha. Fazem tudo para continuar no poder. Aqueles que podem opinar fingem que concordam.  Estes pseudos lideres não tem histórias e querem fazer histórias. Qual delas? A do escotismo puro, com cheiro de mato, com trilhas pisadas sem saber aonde vai dar? Pode ser que um dia chegarão lá, mas isto só irá acontecer se ombrear ideias, valores éticos sem dissabores que muitos querem criar. Como estou na flor da idade e não estou preso a nenhuma associação não ligo para as normas criadas com a finalidade da perpetuação no poder. Eu não preciso delas, nunca precisei. Às vezes lembro-me daquela história da mitologia chinesa dos três macacos. Kikazaru o surdo; Iwazaru o mudo e Mizaru o cego. Eles aparecem nos templos nos desenhos um tapando os ouvidos, outros tapando os olhos e o outro a boca. Estou velho demais para ficar cego surdo e mudo. Com a palavra os novos chefes que estão chegando.

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