Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 14 de março de 2012

CONDECORAÇÕES, DISTINTIVOS E... Você já recebeu a sua medalha?



CONDECORAÇÕES, DISTINTIVOS E...
Você já recebeu a sua medalha?
Não duvidava nem tinha argumentos para tentar mudar alguma coisa. O que o ‘"Velho" Escoteiro dizia não tinha contestação. Não adiantava tentar explicar. A explicação só teria validade se acompanhada de um plano nacional para dar a quem merece seu agradecimento.
Era sexta feira, uma tarde fria de junho sem nada para fazer. Minha esposa só chegaria após as dezenove horas. Nada melhor que um papo com o “Velho” e quem sabe, saborear um chocolate quente com biscoitos e uma bela sinfonia, harmoniosamente tocada por alguém como os grandes compositores do passado. Para o meu deleite e do “Velho” Escoteiro tínhamos perfeita sintonia nas musicas maravilhosas que ouvíamos.
Cheguei cedo. A porta estava aberta, e o “Velho” estava cochilando na poltrona de vime e seu ronco era como se fosse motores de avião na hora de levantar voo. Não disse nada, sentei no meu banquinho de três pés, e ali fiquei. Sem perceber, fechei os olhos, pensando como devia ter sido a infância do “Velho”. Não sei se ele fez um melhor escotismo que os jovens de hoje fazem. Sem fazer barulho a Vovó entrou, sorriu me cumprimentou e já ia saindo quando um pigarro do “Velho” me acordou dos meus pensamentos. Cumprimentei a Vovó e o “Velho” que não respondeu.
O que faz aqui tão cedo? – me perguntou – Sorri. Era seu jeito. Mandaram-no embora? Afinal você só fica fazendo escotismo e se esquece da esposa e do trabalho. Nem filho tem que diabo de chefe é você? Não respondi. Não adiantava. O velho sabia por que ainda não tínhamos filhos e que eu trabalhava em turnos alternados, quando a participar do escotismo, ele tinha razão. Eu tinha que me patrulhar mais. Ele vivia dizendo que o Escotismo é um Movimento de fim de semana e não semanal.
Eu andava preocupado com um tema que me chamava muito à atenção. Verificava que na maioria dos Grupos Escoteiros, principalmente os que não tinham boa estrutura, não sabiam como premiar aos membros do seu grupo, principalmente com condecorações. Enquanto alguns recebiam, outros ficavam na berlinda.
Isto fazia com que Escotistas com sete, dez, quinze ou vinte anos ou mais no movimento, não tivessem acesso à premiação que tinham direito. Claro, a maioria diz que entraram para colaborar e não estavam preocupados em receber ou não. Não sei não. Para que então foi instituída essa forma de agradecimento se não para agradecer a quem realmente trabalha?
Eu sabia que muitos dos nossos escotistas nem liam o POR (Princípios Organização e Regras da UEB) Isto era prejudicial. Desconheciam o que fazer e as regras são simples. Era o assunto que ia levantar com o ‘Velho’. Já tinha uma ideia do que ele iria dizer. Ele gostava de falar dos nossos dirigentes de uma maneira peculiar. Muitas vezes jocosa, mas no fundo o que ele queria é colaborar e ver um escotismo forte. Claro desejo de todos.
No ultimo Congresso Regional e Nacional vi com surpresa diversas condecorações escoteiras serem aprovadas por indicação de algum participante e entregues a seguir sem nenhum processo escrito e aprovado. Pensei comigo – Porque essa diferença? No Grupo que participava (O “Velho” não gostava que dissesse meu Grupo, Minha Tropa, Minha Patrulha, Meus monitores – dizia sempre que isto não tem preço e não somos donos de nada, ali somos meros colaboradores) nossos chefes eram premiados conforme merecimento.
É realmente um erro, dizia o “Velho”. Muitos ainda participam por amor ao movimento, mas no fundo ficam tristes por não receber nada e outros talvez até sem merecer recebendo muito. Talvez sua Diretoria não saiba como agir, o Comissário do Distrito, e o responsável pelos processos teriam sua parcela de culpa. O que acontece na maioria das vezes é uma reclamação surda, que não chega onde deveria chegar.

Por outro lado – (não sei como é hoje) – Um processo mal feito não é aprovado e muitos desistem sem entender o porquê desta burocracia. Afinal as condecorações existem para premiar e em casos específicos. Uma consulta aos registros é suficiente para uma aprovação com um pedido simples. Não discuto as normas, discuto como elas são feitas. Se fossemos fazer uma seleção, teríamos milhares de escotistas com direito a receber e até muito mais.

Veja o caso das outras condecorações. Vou deixar de lado uma Tiradentes ou outra de maior valor. Tomemos como exemplo a medalha simples de Gratidão. Quantos na base recebem? Qual a diferença de um dirigente distrital, regional e nacional de uma Akelá, de um "Chefe" Escoteiro de tropa ou um mero assistente, que também trabalham e muito, talvez muito mais para receber esta medalha e não recebem?

Basta fazer o processo. Basta? E os membros diretores e dirigentes regionais e nacionais? Para eles são feitos processos? Dizem e eu discordo que somos um movimento democrático. Não sei. Só digo uma coisa, se você é participante das atividades regionais e nacionais, se é conhecido da alta cúpula, então é meio caminho andado para ser agraciado. Mas se você é o “Zé das Quantas”, esquecido e desconhecido, sua condecoração vai ser difícil. Muito mesmo. Quem sabe um certificado e uma de bons serviços bronze.

Repito, não discuto a burocracia. Discuto a forma como é feita. Uma declaração do Diretor Técnico, o aval do Distrital seria para mim o suficiente para muitas condecorações serem entregues. Afinal acredito que nossos órgãos nacionais e regionais devem ter uma ficha individual dos adultos registrados, constando sua vida Escoteira. Isto não facilitaria muito premiar mais facilmente? Se não possuem um programa assim é preciso começar a pensar como ter um já e rápido. O registro anual daria os pormenores necessários.

E vou lhe dizer uma coisa, quando participante ativo como membro regional e depois como membro da equipe de formação, fui premiado com diversas medalhas. Nunca fizeram processos. Depois que deixei de participar não me entregaram mais nenhuma. Risos. Já vi casos de resolverem em plenária, e entregarem uma condecoração no dia posterior. Nada como pertencer à corte!

O "Velho" Escoteiro deu uma pausa. Cerrou os olhos. Mantovani tocava baixinho na sua vitrola antiga já gasta com o tempo. Não interrompi. Voltei aos pensamentos anteriores. Ele estava certo. Eu tinha nove anos no movimento, recebi só um certificado distrital de bons serviços! Paciência! Quem sabe um dia vou receber o “Tapir de Prata”? . Claro, sabia que para isto teria de ser um dirigente regional ou nacional. Ser da Equipe de formação. E um participante ativo de Congressos. Sem contar a..., melhor calar. O silencio traz uma paz interior, que nós os Escotistas temos, pois nossa abnegação, nossa lealdade, sempre está acima das coisas  importantes, mas quase sempre somos obrigados a considerar supérfluas.

“Lute por seus direitos”. Lute pelo direito do seu Grupo Escoteiro.  Dai a César o que é de César!

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