Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A mixórdia me pegou desfilando e que lambança meu Deus!



A mixórdia me pegou desfilando e que lambança meu Deus!

                 Uma mixórdia, ou melhor, uma verdadeira lambança. Ainda bem que nos meus artigos poucos me mandam queimar no fundo dos infernos! Risos. Quem sabe mereço? Mas o que fazer? Uma vez aqui quase houve um bate boca devido a escoteiros desfilarem. Assisti a tudo dando gargalhadas. Voces sabem, eu gosto de rir e já me disseram que o riso é uma homenagem que os idiotas prestam ao gênio. Risos. Não sei se é verdade. Adoro os politicamente corretos. A turma nova aprendeu que não se desfila, me disseram que tá lá no POR. Ainda não vi. Só tenho o antigo e agora vai mudar. Vamos aguardar.  Dizem que devemos andar garbosos, olhando para frente, mas sem marchar. Haja paciência! Um saco isto sim! (desculpe o termo ante Escoteiro)
                 Como marchei na minha vida. Adorava marchar. Tínhamos todos nós escoteiros um porte pseudo militar. Proibido hoje. Esqueceram-se de ver a maioria das fotos de BP e alguns dos seus relatos sobre o tema. Lá está ele sempre fazendo inspeção e os jovens perfilados. E quantas marchas para homenageá-lo. Mas hoje não. Isto já era. Hoje os tempos são outros. Dizem que existem motivos. Bah! Para os motivos. Gostava de marchar. Nossa tropa era perita. Mas olhe só fazíamos isto uma vez por semana à noite. Fim de semana nem pensar. Reuniões e atividades ao ar livre. Aos montões. Bem vamos à mixórdia que me levou a relatar estes fatos. – Eu estava com treze anos. Fazia parte da nossa banda, tocando um tarol fino que hoje quase não vejo mais. Tínhamos orgulho da nossa banda. Dizíamos que era a melhor da cidade. O Munir era o nosso maestro. Magro, parecia mais um palito uniformizado. Claro, os treinos eram de uniforme. Em um campo de várzea perto da sede para não incomodar, mas mesmo assim o campo se enchia dos vizinhos e amigos.
                 Na cidade havia três comemorações por ano que desfilávamos. Dia da cidade, dia da bandeira e o Sete de Setembro. Havia uma disputa entre nós e os dois colégios masculinos e um feminino. O Tiro de Guerra e a policia militar tinham uma banda de musica. Eram, portanto três bandas de jovens que se digladiavam nestes desfiles. Nos dias de desfiles, lá estávamos todos os membros do grupo Escoteiro de luvas cinza, de luvas brancas só a turma do cerimonial. Também usávamos as mochilas e uma vez sim outra não montávamos um campo de Patrulha na carroceria de um caminhão. Era uma festa. Claro, na sede o Chefe fazia uma inspeção que não perdoava ninguém. Orelhas, mãos, unhas, sapatos engraxados, meias com listras retas, quatro dedos de dobra do meião, chapéu com abas retas, lobos idem com seus bonés.
                Todos aguardavam até formarem-se e partir para o ponto de encontro. Que orgulho! A cidade em peso lá. Todos batiam palmas para nós. Quando chegávamos ao destino gostávamos de ver os “inimigos e suas bandas” o pior é que muitos dos inimigos tinham escoteiros em seus colégios. Risos. Mas o Berica, o Berica não era mole. Todo ano querendo ganhar da gente com a banda deles. A gente tinha até uma cantiga que dizia – “Arreda grupo que o ginásio vem, que catinga de macaco que o Berica tem!”. Mas a lambança foi outra. A mixórdia também. Apareceu ninguém sabe de onde, uma banda marcial. Depois soubemos que era de Colatina e foi convidada pelo prefeito. Que banda! Enorme. Correu o boato que eram treinados pela banda dos Fuzileiros Navais. Muito famosa na época. E agora José?
                Agora era enfrentar. Mas o Munir não sabia perder. Bem fardado, um esqueleto humano, com sua varinha mágica, nos levou no centro da banda marcial. Ela linda, 20 bombos, 30 tambores, não sei quantas caixas claras, tarois mil e dezenas de cornetas e clarins. Entramos no meio dela. Uma bagunça. Eles batendo e nós também. Ele meteram as varetas nas nossas cabeças. Revidamos. Uma briga geral. A escoteirada dando soco em tudo que encontrava pela frente. O Chefe João apitando feito um coitado. A policia militar interveio. Conseguiu separar. Chefe João ofegante! Isto é escotismo? Onde aprenderam? A cidade inteira deu risadas por muito tempo. Ainda bem que não tínhamos ainda o tal Conselho de Ética. Se não ao grupo tinha sido fechado e eu não estaria aqui contando esta mixórdia. Esta lambança. Como castigo ficamos sem participar de dois desfiles aquele ano. Aproveitamos e fomos acampar na serra do Caparaó, com lindos picos em sua volta. Um belo de um acampamento. Ufa! Que castigo eim?
                  Enfim, eu marchei muito. Muito mesmo e dei meus tapas também. Não sou santinho, sou Escoteiro sim. Minhas boas ações sempre existiram. Quando Escotista dei exemplo. Mas se marchar é errado que o céu me condene. Ou melhor, que a UEB me condene! Risos. Se pudesse, se algum dia fosse voltar a um grupo eu marcharia de novo. Mas olhem, faríamos belos acampamentos, faríamos lindas atividades aventureiras, nossas reuniões seriam dos monitores e dos jovens e não dos chefes. Continuaria a abraçar a todos. Meninas e meninos e sempre a dizer – Bem vindos! Adoro voces! Aceite meu aperto de mão sincero! E no sete de setembro lá estaria o grupo, com uma boa banda (claro que teríamos) a marchar orgulhosos usando as luvas cinza, brancas, e a turma do pavilhão da bandeira orgulhosa, um carro com um campo de Patrulha montado e lembrando... Arreda grupo, que o ginásio vem, que catinga de macaco, que o Berica tem!  

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