Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Jogando conversa fora. O adolescente.




Jogando conversa fora são pequenos post, onde abro um pequeno comentário de determinado tema escoteiro visando uma discussão mais ampla. São quatro chefes que após o final da  reunião, tiram o uniforme e vão a uma pizzaria jogar conversas fora. Até agora fiz oito post. Semana passada publiquei aqui o primeiro agora o segundo. Este sobre o adolescente. Irei publicar um semanalmente, mas se alguém quiser receber todos façam o pedido em meu e-mail elioso@terra.com.br – e vão receber em PDF todos os oito. Lembre-se só no e-mail. Aqui não posso enviar.
Divirtam-se.

Conversa ao pé do fogo. Parte II
Jogando conversa fora. O adolescente.

                 Os quatro estavam calados. Bebericavam devagar o chope gelado no ponto e alguém comentou - Beber a grandes tragos extingue a sede; beber em pequenos goles prolonga o prazer da bebida. Matheus o garçom e proprietário trouxe duas pizzas. Uma de calabresa e outra de mozzarella. – Hoje cheguei à conclusão que preciso me atualizar mais – Por quê? – Tem horas que não consigo acompanhar o jovem. – Sabe o adolescente para mim sempre foi uma incógnita. – Dizem que chefes solteiros nada entendem deles. - Acho que concordo com você. – Me disseram que conseguimos mudar facilmente o comportamento do adolescente – Claro que sim, todas as transformações físicas que chegam com a adolescência provocam também alterações comportamentais. – Se prestarmos atenção aquele menino ou menina agressiva e menos dado a demonstrações de afeto podem mudar – Sabem, eu acredito que se no primeiro dia pudéssemos fazer uma visita aos pais, ver o que eles tem a dizer e se soubermos fazermos as perguntas certas seria meio caminho andado.

                   - Interessante, a cada idade ele apresenta uma faceta. Ele quer ser livre, ser independente e apesar de tudo se sente bloqueado. – Veja os seniores e as guias. Querem trabalhar e ter responsabilidades para decidir suas vidas. – Concordo. Tenho lobinhos que não se enturmam e outros que se enturmam demais. - Olhe eu posso dizer que sempre conversei com o jovem desde o seu primeiro dia objetivamente. - Não espero para ver e sentir o seu interesse, assim como seus problemas e aspirações. Procuro visitar seus pais, mas meu tempo nem sempre permite uma visita a todos. A confiança tem de ser sentida no primeiro dia. Deixá-lo à vontade e conversar informalmente é sempre uma forma de compreensão e amizade. – Beberam o ultimo gole e pediram outra rodada. As pizzas ainda estavam intactas, pois comeram pouco. Matheus era um cavalheiro. Respeitava aqueles quatro escoteiros e sabia que todos eles tinham dignidade, caráter e ética. Desde quando passaram a frequentar sua pizzaria reconheceu que o escotismo forma cidadãos honestos.

                - Mudando um pouco o assunto, sabe eu descobri qual o problema com a bebida. Enquanto vocês conversavam eu enchia o copo e pensava: - Se me acontece uma coisa boa eu bebia para comemorar. Se não eu bebia para ver se acontecia alguma coisa. Gargalhadas gerais. – Querem saber? Acho que tem muitos que passam a ser pais dos meninos e meninas no escotismo. Um erro enorme. – O que somos então? – Um líder carismático? Um irmão mais "Velho"? – Na alcatéia já me policiei muitas vezes – Quando você começa a gostar deles é impossível separar o papel de irmão mais velho, líder ou que seja lá o que for sem mostrar um amor de mãe ou de pai. – Tenho um que só reclama do pai. –
Chegou a dizer que eu é quem deveria ser seu pai. – E a noite se vai. Calmamente. Sabem? A noite é uma bebida, para longos e suaves goles...

                 - Pois é. Parece fácil nosso trabalho. Fácil? Risos. – Eu costumo realizar a cada três ou quatro meses uma reunião de pais. Já tentei dar a esta reunião uma conotação diferente. Tentei até fazer com eles grupos (evitei chamar Patrulha) de discussão. Dava o tema depois deixei que eles escolhessem o tema. No inicio valeu. Hoje não sei. A presença não é boa – Eu sei como é. Fazer os pais sentirem suas responsabilidades no Grupo Escoteiro não é fácil. – Agora eu pergunto a vocês, se o pai ou a mãe não participa o que podemos fazer para ajudar na formação dele? – Matheus! A saideira. – Já? – Onze da noite. - Mas vocês mesmo não disseram que a noite é uma criança para longos e suaves goles? – Acho que o caminho certo é discutir, aprender e ler tudo que acharmos do assunto. – Eu mesmo me assusto quando vou acampar e vejo que aquele Escoteiro ou aquela Escoteira não era o que pensava. – O acampamento é a maior escola para entender o adolescente.

                   Matheus trouxe a última rodada. – Vou dizer uma coisa a vocês, só devemos beber por gosto. Beber por desgosto é uma cretinice! Gargalhadas gerais de todos. – É isto mesmo. O primeiro dia é o mais importante para dizer a ele e saber o que espera de nós. – ouvir, ouvir e ouvir sempre. – Muitos fazem o contrário. Sempre dizem o que esperamos dele. – É nesta hora que uma Patrulha bem formada pode ajudar e muito. Se ele achar que foi bem recebido em um clima amigo e sincero, suas esperanças de concretizar seus sonhos quando resolveu entrar no escotismo é meio caminho andado. – Querem saber? Ah! Hoje não sei. Mas o chope estava “danadamente” gostoso – Isto mesmo acho que um pouco de calmante e um bom chope, pode me fazer esquecer os tombos que a vida resolveu me dar nestes últimos dias.

                  Agradeceram ao Matheus – Apareça lá no Grupo Matheus! – Quem dera quem dera. Sábado a tarde é meu dia mais trabalhoso, mas quem sabe um dia? – Conseguiram um taxi e racharam a conta. A Akelá foi de ônibus. A lua redonda que nem um queijo no céu brilhava com fulgor – A Akelá ao subir para o ônibus falou para si mesma – Não devemos nos achar maior que todos. O “maior exemplo é o sol se escondendo no horizonte para a lua brilhar”.

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