Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sábado, 21 de fevereiro de 2015

As estrelas moram no céu.


As estrelas moram no céu.

– ¶“Mas a lua, furando o nosso zinco, salpicava de estrelas nosso chão, tu pisavas os astros distraída, sem saber que a ventura desta vida é a cabrocha, o luar e o violão”!¶

                    Eu gostava de contar estrelas, uma, duas, três... E quando perdia a conta voltava a contar de novo e tentando não perder de vista a multidão de estrelas lá no céu. Aprendi nos lobos há tempos e tempos atrás. Estrelas no céu me fazem sonhar, sempre sonhei em andar no meio delas como na melodia Chão de Estrelas. Fui crescendo contando estrelas, me via velejando num barco a vela no meio delas, perdido e embriagado com tanto encanto. Quantas estrelas eu contei? Milhões? Bilhões? Números infinitos, me perder no meio delas quem sabe poder tocar e sentir a caricia do seu frescor? Do seu calor? Do seu brilho? Eu gostava de contar estrelas... Ainda Escoteiro me animava a deitar na relva e ver aquele espetáculo que só Deus poderia explicar.

                     Eu sempre gostei de contar estrelas, aquelas que moram lá no céu. Contei estrelas em lugares incríveis, montanhas impossíveis, picos indecifráveis. Sempre descansando a cabeça na grama, em uma pedra, ou a velha mochila companheira de aventuras. Tentei e não consegui contar estrelas em Caparaó, pois a bruma da noite não deixou. Sempre premiado com belicosas nuvens brancas a perder de vista na segunda e terceira vez que voltei lá. Até que um dia o céu apareceu brilhante, ofuscante e as estrelas quem sabe envergonhadas do meu olhar se escondiam por trás dos astros e eu relutante ali a olhar para o céu contando estrelas. Eu gosto de contar estrelas... Uma, duas, três, quatro... Foram tantas! Em Itatiaia um espetáculo inesquecível. Nas Montanhas do Morcego elas perdiam de vista. Nas planícies de Crenaque eu esquecia de dormir. Deus criou tudo em sete dias? Na serra da Piedade me ofusquei de tanto brilho. No Pico do Itacolomi chorei de emoção com aquele céu que me pedia para aproximar... E não podia! Tantas estrelas no céu e eu nunca consegui saber quantas são. Perfeição do criador. Criou tantas lindas e brilhantes, criou o nascer do sol, o por do sol se escondendo no mar imenso. O vento! Sim o vento amigo que nos acaricia o rosto no sol escaldante. Será que ele acaricia as estrelas?

                         Eu gosto de contar estrelas... Uma, duas, três, quatro... São tantas! Nenhum sonho é maior do que deixar o corpo solto em volta do fogo, noite alta, inclinado de olhos abertos em volta amigos, brasas adormecendo, fagulhas serenas pensando em subir aos céus... Quem sabe para contar estrelas. As belezas do mundo são nossas e o Escoteiro pode sonhar com elas, abraçar com elas, e... Contar estrelas! Privilégios que Deus no deu. Sentir a brisa caindo, molhando as folhas verdes a espera do sol, vendo a lua que se foi. A lua é linda, mas é uma só. As estrelas? São muitas perdidas no céu. Têm as pequenas, as grandes e não esqueço quando me deitei após um gostoso fogo de conselho lá para os lados da Pedra da Mina e dormi. Acordei antes de a madrugada nascer. Uma enorme estrela estava lá no céu. A estrela D’alva reinava como uma rainha cercada de milhões de outras estrelas que se reverenciavam. Foi um dos mais belos espetáculos de estrelas que um dia consegui ver. Parecia que as estrelas dançavam, em um lindo balé em volta dela. Sem perceber milhões de violinos começaram a tocar o Lago dos Cisnes e se Tchaikovsky ali estivesse eu tenho certeza que estaria de calça curta ao meu lado maravilhado em ver milhões de estrelas cintilantes nesta grandiosa abóboda celeste, um firmamento impossível de se tocar e... Contar...

                    A vida não para. Fui crescendo homem me tornei e a idade não mais me deixou contar estrelas. Hoje as procuro no céu claro da minha morada e não as vejo. É, moderno isto. Não se pode mais contar estrelas nas grandes cidades, mas eu não desisto. Vou continuar insistindo e um dia quero de novo deitar na relva, próximo a um fogo adormecido onde as fagulhas relutam em subir aos céus, quem sabe para não atrapalhar a maravilha do firmamento e eu então começarei do zero, de novo a contar estrelas... Uma, duas, três quatro...

                Esta noite vou dormir pensando nelas. Pensando quantos como eu um dia tiveram a felicidade de contar estrelas. Seria o mundo mudado? Ninguém mais se importava com elas? Os meninos e as meninas não contam mais estrelas? Ah! Como eu gostaria de estar com eles, poder deitar na relva em uma noite escura, em uma clareira perdida na selva e olhar para o céu estrelado, sentindo o zunzum do passar dos cometas que não pedem passagem e se vão sumindo no espaço infinito. Olho para o teto do meu lar onde durmo, abre-se uma fenda e vejo o céu. Não sei se estou dormindo ou se estou contando as estrelas... Uma, duas, três, quatro... Eu gosto mesmo de contar estrelas...


Um boa noite a todos é o que deseja o Osvaldo... Um escoteiro. 

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