Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

segunda-feira, 11 de julho de 2016

O Demônio do acampamento Sinistro.


Para passar o tempo se já não passou por ele.
O Demônio do acampamento Sinistro.

                      Não gosto de histórias de terror. Quando menino nos acampamentos qualquer galho seco ou árvore torta à noite me assustava. Demorei muito para andar sem companhia em trilhas noturnas e até mesmo a prova de coragem do Cemitério das Flores me sujei todo. Cresci, aprendi que não existem demônios, diabos e outros bichos do inferno. Somos nós mesmos que nos tornamos assim dependendo de nossa vida terrena ou em outras paragens. Tudo aconteceu em uma noite que chovia a cântaros e os raios pipocavam no céu. Eu sabia que as patrulhas estavam bem, pois haviam preparados com esmero suas barracas. Fui dormir lá pelas onze e meia, depois que os monitores se despediram. Quando deitei ouvi um barulho na porta da barraca. – Quem seria? Levantei e me dei de cara com uma horrenda criatura que em posição de sentido dizia Sempre Alerta chefe! – Respondi, pois existem chefes que a gente tem medo de conversar e falar e quem sabe poderia ser um deles. Afinal era um cavalheiro a moda inglesa.

                      - Chefe! Estou aqui a mando de Belzebu, o Senhor dos Infernos. – Tremi, que isso meu Deus? – Ele continuou: - Belzebu precisa de sua ajuda. Ele foi aconselhado a fundar um Grupo Escoteiro e escolheu a Necrópole de Poncios Pilatos. O senhor conhece. Dizem que comprou um jazigo lá e disse que se o atendesse tomaria conta dele para sempre! Desculpe por não me apresentar. Chamo-me João Satanás e sou filho do Funesto da Bagaceira. Foi ele quem deu ideia de chamar o senhor. Ele não teve autorização do Distrital e está uma fera! – Como é que dizem? Cutucar o Diabo com vara curta? Melhor calar e deixar João Satanás explicar melhor. – Pois é Chefe, estamos com um problemão. Porco Sinistro filho de Belzebu quer ser Escoteiro. Tentou em um grupo, mas quando viram sua aparência houve uma correria danada. Soube que tem um Grupo Escoteiro em Cruzes dos Mortos Vivos, mas não sei se eles podem aceitar Porco Sinistro. Belzebu quer invadir o Grupo com sua Legião do Mal. Antes acha que o senhor pode ajudar.     

                          Minha nossa! Onde enfiei meu chapéu? Vestir meu uniforme, ir com João Satanás para encontrar Belzebu seria o fim do mundo! – Ele riu meio sem jeito. – Não se preocupe Chefe, lhe damos toda a proteção contra os malvados de Baphomet da Cidade de Caramulhão. Eles juraram que iria infernizar a vida de quem ajudasse Belzebu. Não sabia o que fazer. Não tinha compromisso naquele sábado, mas ir assim sem eira e nem beira? – Tomei coragem. – Vamos lá João Satanás. Já enfrentei o Cunha, a turma de deputados seus sequazes, já enfrentei a Dona Dilma, e fui jurado de morte pelos Donos do Poder da UEB. Já enfrentei tantos DCIM que se julgavam os tais. Ou a chefaiada e diretores do Grupo de Cruzes dos Mortos Vivos aceitam Porco Sinistro ou não me chamo Vado Escoteiro! Uma carruagem em chamas estava à porta. Entrei sem me queimar. Ela se elevou no ar e em segundos chegamos ao Cemitério Flores do Mal. Na porta a capetada me esperava e batia palmas. Entrei saudado pela Legião de Belzebu e seus sequazes.

                  O Grande Portão de Ferro se fechou atrás de mim rangendo como se fosse correntes arrastadas por milhões de alma do outro mundo. Belzebu estava soberbo na porta do Mausoléu da Morte. Um manto vermelho chispas de fogo na boca e nos olhos, botas vermelhas fumegantes e não faltou o seu tridente que todo capeta gosta de carregar. – Bem vindo Chefe! Espero que me ajude, aquela cambada ali que chamei não deram no toco. Acorrentei todos e vou mandá-los para as prefundas dos infernos. Com uma iluminação fraca deu para ver o centro do mausoléu. No centro centenas de chefes, escolhidos a dedo pela sua performance em ser mais que os outros, em se acharem os tais, aqueles que não respeitam a dignidade de alguns e aqueles que se acham o dono da verdade. Havia chefes de todo tipo até mesmo os que queriam o poder e pertencer a Corte da Bajulação. Belzebu ria a mais não poder. Acorrentados notei também um chefe dizendo alto e em bom som: Sou o presidente! Sou distrital! Eu sou o tal! E pedia perdão. Perdão de que? Eu pensei. Nunca consultaram, nunca perguntaram e nunca pesquisaram e agora querem o perdão?

                       Sem delongas Belzebu e seu Filho Porco Sinistro me pegaram pela mão e me levaram pelos ares até a entrada da Sede Escoteira em Cruzes dos Mortos Vivos. A escoteirada se divertia. Ali era meu habitat. Gostava disto. Entrei, no pátio sorrindo e assustei ao ver que todos usavam a Insígnia de Madeira. Todos com a vestimenta desbotada, a maioria rasgando onde foi costurado. E a cor? Antes era escuro azulado agora é verde. Nossa! Onde amarrei minha égua? Nenhum caqueano? Perguntei. Uma jovem de uns vinte e dois anos me pegou pelo colarinho: - Chefe respeite a presidente dos Jovens Líderes. Chega de abusar de nossa paciência! – Era demais para mim, eram tantos com IM que pensei: - Gilwell Park mudou de endereço. Alguns com cinco contas, oito e vi vários com vinte contas no pescoço. Eles me olhavam e sorriam. – Sussurravam alto e deu para ouvir: - Sem vagas, que o Chefe Vado Escoteiro se exploda. Que a capetada o leve para o Diabo que o carregue. Um gritou alto: Entregue a ele a Medalha da Ordem dos Capetas do Mal. Ele merece!


                       Acordei gritando e berrando pedindo a Deus para me ajudar. – Deus eu fiz tudo para ajudar meus irmãos escoteiros! Não deixe esta diabada me levar para os infernos e nem para este grupo de Cruzes dos Mortos Vivos! Levantei da cama com a Célia me abraçando. Calma marido. Está tudo bem! Eu chorava e pensava que mal eu fiz para ter estes pesadelos nefastos. Assustei e gritei novamente, um urro enorme no meu quarto: - Em cima da mesinha estava a Medalha da Ordem dos Capetas do Mal! – Célia! Gritei, coloque isto num envelope e mande para a UEB, ou melhor, EB, lá eles sabem o que fazer com esta medalha do mal! Kkkkkkkk.

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