A
primeira Chefe (Akelá) de lobos.
O início da
formação dos Lobinhos.
Na edição
original do livro "Escotismo para Rapazes", Baden Powell não fixou um
limite de idade mínima, nem máxima para o ingresso do menino no Movimento
Escoteiro. Como consequência disso as tropas tinham meninos cujas idades
variavam entre 9 a 18 anos.
As
coisas, no entanto, não eram tão simples assim! Imediatamente levantaram-se
agudas e persistentes vozes dos meninos que eram muito pequenos para serem
escoteiros, irmãos menores, que não estavam na faixa etária da
"diversão" organizada no princípio do século, queriam entrar na
brincadeira e não podiam esperar mais.
Os
"pequenos" foram tão persistentes, intrometendo-se nas reuniões de
Tropa e iniciaram alguns ensaios por volta de 1909. Os primeiros esforços de
trabalhar com meninos menores não obtiveram sucesso. Alguns escoteiros sentiram
em receber estas crianças como "Junior Scouts", mas os resultados
foram desastrosos. A tropa desestruturou-se, os mais velhos não desejavam
misturar-se com os pequenos e estes não conseguiram acompanhar as vigorosas
atividades feitas pelos escoteiros.
Tomar
providências para que o que mais tarde foi chamado "Junior Scouts"
(Escoteiros Junior), foi uma tarefa muito árdua para Baden Powell, pois embora
ele estivesse receptivo à ideia, teve que tomar precauções para evitar a
impressão que seu Movimento estava criando um jardim de infância para
escoteiros.
Baden
Powell não teve tempo suficiente para escrever o Manual do Lobinho durante a
Primeira Guerra Mundial, porém, anunciou que o faria pouco tempo depois.
Com a
erupção da guerra, as mulheres tomaram os lugares antes ocupados pelos jovens,
que haviam respondido aos apelos do exército. Assim, foi permitido o ingresso
de senhoras e senhoritas no Movimento, estas estavam encantadas com a ideia de
que pudessem adestrar os pequenos. Suas idéias foram de grande valia na
elucidação de problemas especiais que surgiam no adestramento dos pequenos. E
nesta leva feminina que surge o braço direito do Fundador, no ramo lobinho: a
Srta. Vera Barclay.
O seu
encontro com o Fundador deu-se no dia 16 de junho de 1916 em uma conferência em
Londres, onde Chefes de Lobinhos reuniram-se para reivindicar o esperado Manual
do Lobinho, que contivesse um esquema específico para o ramo.
Vera Barclay não
compareceu a conferência movida pelos seus objetivos uma vez que lobinhos não
lhe interessavam, sua fixação eram os escoteiros. Porém, havia recebido um
convite especial de B.P. que queria conversar com ela.
O
objetivo de B.P. era contratá-la para juntar-se a equipe do Headquarters e
trabalhar no projeto dos lobinhos. A ideia não a entusiasmou muito uma vez que
lobinhos não era o seu trabalho, e fechar-se em um escritório em Londres não
estavam em seus planos.
Em sua
atuação com escoteiros nas áreas carentes de Londres recebeu de companheiros
mais formais a crítica de que os rapazes não atendiam perfeitamente a todos os
aspectos da Lei Escoteira. Deu, então, uma resposta que se tornou famosa:
"O que interessa é, que pelo escotismo, os rapazes se tornem
melhores!".
No
entanto, em virtude de um joelho machucado, estava afastada de suas funções de
enfermeira no "Netley Red Cross Hospital" e além do mais, como
admitiu posteriormente, era um grande serviço para o escotismo isolar os
meninos pequenos e seus persistentes chefes dentro de suas próprias
competências.
Não
demorou muito, porém, e os lobinhos conquistaram completamente a sua simpatia,
instalando-se definitivamente dentro de seu coração, de forma que a fizesse
fazer de tudo para que eles fossem aceitos na fraternidade escoteira,
pleiteando junto ao Headquarters tudo o que eles queriam.
Ela
dedicou-se com entusiasmo na organização do Manual do Lobinho, intercalando ao
famoso manuscrito de B.P. recortes, seus desenhos feitos a pena e bilhetes que
encontrava jogados sobre sua mesa, contendo novas idéias de B.P. muitas vezes
anotadas em papéis de suas lâminas de barbear. O Manual ficou também enriquecido
com suas próprias opiniões acerca das insígnias e especialidades que
constituiriam a parte II do Manual.
O Manual
do Lobinho está impregnado de suas influências, feitas com entusiasmo e
imaginação e, principalmente de um grande conhecimento da natureza de meninos
pequenos. Ela via claramente a necessidade de conservar a essência, tanto
quanto o método de treinamento, o tão distinto quanto possível daqueles do
escoteiro.
Esta
posição futuramente influiu fortemente para a sua indicação como Comissária do Quartel
General para Lobinhos, posto que ela manteve até 1927. Porém, o que veio
responder a procura de Baden Powell por algo atraente, especial, capaz de
sustentar a fantasia e contribuir com a formação da criança foi o Livro da
Jângal, cuja adoção revolucionou completamente o esquema.
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