Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

RECORDAÇÕES - PEQUENOS CONTOS PERDIDOS POR AI.




Recordações – pequenos contos perdidos por aí.

Histórias de Fogo de Conselho – A Morada do Fantasma!

Foi escolhido um local, próximo a uma pequena mata, onde existia uma casa abandonada e todos concordaram. Ficava a uns 400 metros do acampamento. A Patrulha de serviço não perdeu tempo. Logo que chegaram à patrulha já tinha preparado o fogo dentro dos padrões técnicos para evitar incêndios e tinha que ser acesa no máximo com dois palitos de fósforos. Se não conseguissem, outra patrulha assumiria o que dificilmente acontecia.

 Não havia um “Animador de Fogo de Conselho”. Este iria surgir naturalmente no desenrolar da noite. Qualquer programa escrito estava fora de cogitação. Não iriam se prender a um roteiro, pois ali, naquela noite e em todas às outras a participação era completa. Sabiam o que queriam e iriam fazer conforme a Tradição de Tropa.

Se havia uma coisa que detestavam, era o tal Lampião do Conselho. Dava até vontade de rir do tal Lampião. Diziam que um bom mateiro ascende o fogo em qualquer tempo e em qualquer lugar mesmo amarrado de cabeça para baixo em uma árvore. Risos. Eu acreditava, pois o adestramento da tropa sempre foi um dos melhores.  Enquanto isto os demais não se afastavam muito, pois na escuridão da noite o lugar dava calafrios. (não havia luar)

Todos foram chamados e se assentaram a bel prazer, enquanto um Escoteiro acendia o fogo. Nesta hora, todos ficaram em pé. A tradição de anos e anos dizia que era uma hora sagrada. A Invocação dos Espíritos dos Ventos. Ao chamarem a si os ventos do norte, do sul, do leste e oeste. Um breve silencio e logo cantaram a Canção do Fogo de Conselho. Cantavam com gosto.

Às chamas já se esticavam aos céus quando terminaram. Ouviu-se alguém bater palmas. Não eram eles. Se havia alguém escondido para amedrontar não seria com aquela Tropa. Um dos chefes deu uma busca em volta da casa e dentro dela. Nada.

Continuaram. Logo uma Patrulha imitava outra quando da enchente (no primeiro dia uma forte chuva encheu as barracas de lama). Surgiram palmas escoteiras inventadas na hora. Uma parada para conversa, um chocolate quente, uma mordida num biscoito. Conversas paralelas. Alguém alimenta o fogo, um dedilha um violão e outro começa a cantar. Alguns acompanham dois se encaminham para o centro da arena e começam a representar um Chefe e um Monitor. Risadas, palmas.

Todos pedem um jogo, um Monitor se oferece para fazer um novo, aprendido em outra atividade. Um grito. Não muito alto. A tropa se cala. É brincadeira de alguém. Eles aceitam a participação do “Fantasma”. Vai quebrar a cara pensam. Não foi a primeira vez. Houve outras em outros acampamentos. Agora não seriam surpreendidos.

Continuaram-se às canções, o violão tocava a plena. Improvisações. Batem papos, jogos e até uma pequena parada para retirar as batatas doces do fogo. Não faltou o Contador de Historias, e nessa o monitor mais antigo  se destacava.  Era assim o fogo da Tropa.

Às brasas começaram a aparecer. A lenha foi terminando e todos demonstravam sono. Uma boca abre aqui, outra ali. A noite avançou sem ninguém perceber. Um Chefe convida a todos para encerrarem com a Cadeia da Fraternidade. Começam a cantar e param. Todos olham para dentro da casa e vêem uma luz azul brilhante. Ficam estáticos.

Alguns vão até lá e dentro da casa não há luz! – Saem e a luz volta. impossível! Um jogo? Que jogo? Já existem tremedeiras. Sem falar voltam para o acampamento. Ninguém quer ir à frente nem ficar atrás.

Dormiram encostados uns nos outros mesmo com a chefia alegrando e encorajando todos. No dia seguinte, após o desarme do campo, na cerimônia da Bandeira, um morador das proximidades estava presente assistindo de longe.

Um Chefe o convidou para participar na ferradura. Era um costume da tropa. Se fosse do local recebia um lenço do Grupo como agradecimento. Ele veio sem jeito e ali permaneceu até o final. Uma rodinha se formou em redor dele, e ficaram sabendo a historia da “Morada do Fantasma”:

- A casa foi construída pôr um jovem, - dizia -  filho de um “meeiro” (usa a terra de uma fazenda para plantar, e paga parte da colheita ao dono) quando se casou, com menos de quatro meses, ele matou a mulher a facadas porque achou que esta o traia. Não era verdade. Foi preso e condenado há vários anos de prisão. Ninguém sabe onde está e quando vai sair da cadeia. O que todos sabem é que o espírito ou “fantasma” da mulher não abandonou a casa e até hoje e a mantém limpa e arrumada, mesmo sem móveis sem nada. Um padre já “benzeu” a casa, mas ela não sai de lá.

É como dizem por aí, Escoteiros quando contam historias, nada ficam devendo aos pescadores. Mas os escoteiros não têm uma só palavra? E acredite se quiser... Risos

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