Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 7 de março de 2012

ATIVIDADES AVENTUREIRAS



ATIVIDADES AVENTUREIRAS

O Chefe formou a tropa pôr patrulha. Estavam desalinhados, conversando entre si e não prestavam nenhuma atenção ao dirigente. As instruções eram dadas a todos indiscriminadamente.  A maioria não ligava a mínima ao que ele falava. Os monitores a frente ouviam sem interesse. O local apesar de não ser o ideal, oferecia condições para uma boa atividade ao ar livre.

Estava eu junto ao “Velho” Escoteiro que embasbacado não sabia se daria uma “lição” naquele Escotista ou permaneceria calado como eu estava. Foi uma coincidência. Fui levar o “Velho” Escoteiro até um parque fora da cidade, pois ele adorava brincar com os netos em plena natureza. Apesar deles não participarem do movimento ele não deixava de aproveitar para brincar adestrando. Tão logo tínhamos descido do veículo, deparamos com aquela cena que tinha tudo para mostrar ao publico ali presente, um autentico “sargentão“ e seus soldadinhos (só que indisciplinados). Totalmente fora do que pretendia o Movimento Escoteiro.

Com sua pose de líder, um grande bigode para impressionar, lá estava o dito, a preparar uma atividade, mais apropriada para lobinhos. Nada a ver com os jovens que ali foram à procura de atividades aventureiras que nunca tinham feito. Claro eles acreditavam encontrar no Escotismo. Deu um fora de forma na melhor pose e respirou fundo satisfeito. Achou que tinha impressionado a todos que o observavam. Além de péssimo chefe também era um péssimo ator. O Sistema de Patrulhas desaparecera ou nunca tinha acontecido naquela tropa.

Felizmente, o “Velho” Escoteiro não interveio. Me chamou e fomos em frente, evitando ver e sentir a decepção dos jovens que viria com o final da atividade. Durante o tempo que ali permanecemos o “Velho” nada falou ou comentou. Não precisava. A realidade não deixava dúvidas. Sempre tropeçávamos com uma ou outra patrulha, desconexa, sem liderança, a fazer coisas que não estava previsto, ou mesmo fugindo da atividade em busca de uma sombra ou dos “brinquedos” que ali existiam. No retorno, lá estavam eles, formados sempre pôr patrulhas, uniforme em frangalhos, desanimados, pensando que não era aquilo que queriam. Tudo pôr culpa de um adulto mal formado, que recebeu uma responsabilidade sem estar devidamente preparado ou adestrado.

Alguns dias haviam se passado e numa noite de reunião da tropa, passei pôr uma pequena saleta onde o Chefe e mais dois assistentes do Grupo Escoteiro que eu fazia parte estavam em reunião com os monitores a discutirem uma atividade aventureira. A preparação era feita pelos jovens. Os chefes apenas completavam aqui e ali parte do programa, pois na mente daqueles monitores, tudo era muito fácil para se conseguir e quem sabe poderiam ter alguma surpresa no final, motivo pela qual os chefes davam opinião.

Pude observar que se tratava de um Bivaque, onde se pretendia percorrer vinte km a pé, de um sábado a um domingo, dormindo ao ar livre e montando abrigos naturais. O local desconhecido pelos rapazes, não o era pelo chefe da Tropa. Tudo estava sendo planejado a fim de evitar acidentes de percurso. Toda a área do bivaque seria visitada pôr um assistente à noite. (na atividade não participaria chefes ou assistentes).

O domingo findava. À tarde fria, com o tempo nublado, convidava a ir até a casa do “Velho“ Escoteiro. Era uma rotina. Eu gostava de ouvir e aprender quando ele se dispunha a falar. Pulei os seis degraus de dois em dois. A porta semicerrada deixava passar o lusco fusco da lâmpada da Sala Grande e o “Velho” Escoteiro lá estava como a adivinhar minha chegada, mantendo sua pose principal, ou seja, não dando à mínima. Eu sabia que no fundo ele aguardava minha presença com ansiedade, pois não havia outras visitas como outrora e eu era um grande ouvinte.
    
- O mundo evoluiu e mudou. Era o “Velho” Escoteiro falando de supetão. Sentei sem saber onde ele queria chegar. - Mas Atividades Aventureiras feitas ao ar livre nunca mudarão. Agora estava entendendo. Apesar de já passado semanas, ele não tinha se esquecido do meu comentário e esperou uma ocasião propícia.

- Continuou o “Velho” Escoteiro - Você pode criar outra organização tão boa como o Escotismo, com outro programa e método. Acredito que o nosso Movimento não é o único perfeito para a formação do caráter. Conheci excelentes resultados em organizações similares e sem menosprezar funcionam bem. - Nosso Movimento, porém tem um programa definido e seus métodos são simples para atrair o jovem espontaneamente. No momento que tentamos adaptar situações diferentes do que pensou o nosso fundador, garanto que vamos fracassar.

 Veja você o que está se passando ao nosso redor. Muitas mudanças e todos acreditando que vão acertar. O jovem queira sim ou não é um idealista arraigado ao passado sem o saber. Se pudéssemos conhecer o futuro, seja em qualquer época, iríamos ver que a natureza se sobrepõe a tudo. - Aquela velha foto onde mostram que ele entrou para o Escotismo pensando em encontrar aventuras, vida ao ar livre, atividades em equipe, natação, subir em arvores, armar barraca, manusear cordas, machadinhas, facões, aprender transmissões rudimentares a distancias, poder fazer seu próprio destino junto aos seus amigos sem adultos pôr perto, tudo isto e muito mais vai continuar prevalecendo pôr um bom tempo.

- Não é atoa que hoje uma atividade rentável é explorar acampamentos próprios para a juventude. Fiquei sabendo que na maioria, praticam algumas atividades aventureiras, com monitores (adultos) nem sempre preparados, e que dois meses antes das ferias estão completamente lotados e quem quiser participar de ultima hora tem que enfrentar lista de espera. (e com preços bem salgados) - Paga-se para fazer o mínimo do que o Escotismo faz sem nada cobrar. - Tire isto dele e não terá uma participação espontânea.

Eu ouvia com atenção as palavras do “velho“ Escoteiro. Estava sentindo que as mudanças até então não alcançavam objetividade. Daquela movimentação de outrora, o numero diminuiu em relação ao aumento populacional e os jovens tinham mais uma participação de sede e poucos saiam para alguma atividade com a tropa ou mesmo com a própria ou da patrulha.

Todos agora se escondem em seus grupos que se transformaram em autênticos mosteiros, sem que o público tome conhecimento de sua existência. Nunca temos tempo para acompanhar os jovens em todas as atividades que planejam. E é claro, se ficarmos acompanhando não tem graça e vai de encontro à formação deles. Em grandes cidades muitos cuidados são necessários, mas não são impossíveis para que eles façam suas atividades aventureiras sozinhos. Um treinamento adequado, dentro do perímetro da sede, bom adestramento, um pouco mais longe depois, e pronto, tenho certeza que não irão decepcionar.

- Em primeiro plano, temos que ver o valor da atividade o objetivo e a aceitação pelo jovem. Se ele absorveu ou não.  Falou o “velho“. É claro que a preparação é deles. Convenhamos que se não exista uma boa Corte de Honra, reuniões de Patrulha e claro, patrulhas bem formadas e motivadas, nunca haverá planejamento para uma boa Atividade Aventureira.

- Agora, uma tropa que se apresenta bem na frente do Chefe e na falta dele deixa a desejar não está sendo preparada no espirito da Lei Escoteira. Esta é condição primordial em qualquer atividade. - Acredito que confiando teremos o retorno. E olhe bem, a melhor propaganda do Escotismo são Escoteiros bem uniformizados, fazendo atividades e vistos pelo público. - Você pode unir o útil ao agradável e manter viva a chama das Atividades Aventureiras. Elas são primordiais para ajudar na motivação, adestramento progressivo e criar lideranças.

O tempo estava fechado. Chovia a cântaros lá fora. Aguardei até poder retornar a minha residência. Gostaria de ter participado de uma boa Atividade Aventureira. Vou propor ao Conselho de Chefes uma atividade assim só com adultos. Vai ser diferente, mas acredito que servirá para abrir o caminho que os jovens estão esperando.

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