Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sábado, 10 de março de 2012

A lambança, o coveiro, o escoteiro medroso, O prefeito, o delegado e o Valente Comissário.



A lambança, o coveiro, o escoteiro medroso, O prefeito, o delegado e o Valente Comissário.

De novo? Claro, porque não? Alguns se divertem outros não. Sempre disse que quem não tem histórias para contar não sabe o que é viver. Lambanças do passado me fazem dar gargalhadas. Juro pela alma do fantasma que é verdade! Para ser sincero, repito que daria tudo para uma volta ao passado. Risos. Sempre que vem a lembrança fatos e lambanças, me lembro de alguns adágios conhecidos – Cão que ladra não morde. Quem faz muitas ameaças não costuma cumprir nenhuma. - Gato escaldado até a água fria tem medo. Aprendemos a recear tudo quanto nos lembre duma experiência penosa algo que alguma vez nos causou dano.

Bem chega de lenga-lenga e vamos às lambanças. Simples, nem tão cheia de vida, mas porque não escrever sobre elas? Vamos lá:

Primeira – 1969. Uma carta do Escoteiro Chefe. Um Grupo Escoteiro no interior fazendo lambanças. Pedia para que tomasse providencias. Só marchavam. Centenas deles. Meninas juntas. (era proibido, só bandeirante). Mandei um telegrama. Chego domingo pela manhã. Se possível um encontro pessoal para troca de ideias. Iria dar um chega prá lá no Chefe. Se necessário fechar o grupo.  Peguei um ônibus, cheguei às onze horas da manhã. Na rodoviária dois soldados e um tenente me e esperando. – "Chefe" Escoteiro, estão todos praça.

“Diabos” Praça? Lá fui eu com eles. Na praça uma apoteose. Milhares de pessoas. Fui conduzido ao palanque. Presentes o prefeito, o delegado, o presidente da câmara, o padre, o juiz, o promotor, o Capitão da policia militar, e outros que esqueço agora. Cumprimentos, abraços. Discurso. Só o prefeito falou quase uma hora. Deram-me a palavra, não sabia o que dizer. Começou o desfile. Mais de mil escoteiros. Meninas, meninos, adultos uma coisa incrível!

O orador apresentava no microfone – Fanfarra Escoteira se apresentando. Enorme mais de oitenta participantes. Que fanfarra meu Deus! Ficou de frente ao palanque. Agora o pelotão um – os corvos! E passava o pelotão marchado. Agora os Touros! E Assim foi, nove pelotões. Todos com nomes de patrulha! E como marchavam bem. Acho que cada pelotão tinha pelo menos cento e vinte escoteiros.

Terminou o desfile. Levaram-me para almoçar no Clube mais chique da cidade. Mais discursos. À tarde desisti. Vi que não conseguiria falar com o "Chefe" do Grupo. Pensei outra ocasião. Ele não sabe o que o espera. Peguei um taxi para a rodoviária. Perguntei ao taxista: o que o Chefe dos escoteiros faz? – Ele? É Juiz de menor, e dono da maior fábrica da cidade. Irmão do Prefeito, sobrinho do juiz de direito, cunhado do Promotor de Justiça e sua mulher é delegada federal. O juiz é sobrinho da mulher dele. O presidente da câmara é seu filho. O capitão da policia é seu primo. Esqueci, o padre é irmão da mulher dele! “Puts grila!” pensei. Melhor ir para casa e esquecer tudo isso! Que o Escoteiro Chefe se vire.  Risos.

Segunda – 1952, 12 anos. Uma especialidade de acampador. O Monitor me disse que precisava passar na prova de coragem. Claro que topei. Era o mais corajoso da Patrulha. Prova? Ficar de onze da noite até seis da manhã no meio do cemitério da cidade sentado em um banquinho de madeira. Para provar, fazer oito mini-pioneirias. Moleza! Um tamborete, um pedaço de bambu. Saltei o muro (cinco me levaram até lá). Escolhi o local e fiquei perto da lápide da minha bisavó. Ela me protegeria. Escuro feito breu. Um vento frio começou a soprar. Estávamos próximo do Rio Doce.

Meia noite e meia. Olhava toda hora para os lados. Estava tremendo. Não conseguia fazer as pioneiras. O bambu que levei ainda estava intacto. A faca é claro na mão para me defender. A menos de vinte metros uma chama azul saiu de um jazigo. Outra logo em seguida de um sepultura tenebrosa. E mais outra de uma tumba cinzenta. (fogo-fátuo, ou melhor, chamado de fogo tolo. Avistado em pântanos brejos e cemitérios arenosos. Uma inflamação espontânea do gás (metano) ou da decomposição de seres vivos).

Aguentei o que pude. Eram duas da manhã. O fogo virou de outras cores. Tremia. O xixi escorria. – O que faz aí? Uma voz trovejante. Gelei. Olhei para trás, um homem de capa preta, enorme, sem dentes, um chapéu preto. Não aguentei mais. O capeta em pessoa! Sai em desabalada carreira e gritando, saltei o muro e fui correndo para casa. Um banho para tirar a sujeira (me borrei todo).

No outro dia a Patrulha perguntou e ai? Como foi? Moleza. Até tirei um cochilo! Eles riram a valer. O Monitor disse – Olhe não foi o que o Zé Pé na Cova o coveiro disse. (o tal da capa preta). Disse que você se borrou todo e saiu gritando! E todos riram por muitos e muitos anos. Falar o que? Voces que me leem estão rindo? Pensam que é fácil? Então vão lá. A meia noite. Depois podem rir a vontade! Risos. (consegui a especialidade, acharam que eu merecia). 

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