Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

terça-feira, 22 de maio de 2012

Ainda sobre o uniforme Escoteiro.



Ainda sobre o uniforme Escoteiro.

De novo? Risos. Pelo amor de Deus! Não vou entrar novamente nesta seara. Que cada um use o chapéu que quiser (já vi chapéus canadenses, texanos, mexicanos, australianos e nem sei mais o que) a camisa da cor que quiser a calça amarela, verde ou azul não importa. Para mim este tema já era. Eu fico com meu caqui e tenho também o cinza com calça de tergal. Este só quando participo de reuniões sociais conforme os preceitos da época, bem definidos no POR. Mas hoje, vendo e-mail de amigos me lembrei de um fato interessante. Interessante mesmo.
Foi por volta de 1969. Recém-empossado Comissário Regional (hoje nem sei o que dizem, pois mudaram tudo!) e me inteirando dos meandros internos e burocráticos, fiquei sabendo que existia em uma cidade de Minas um Grupo Escoteiro que por diversas vezes tentou fazer o registro, mas o regional anterior não aceitou. Depois vi uma carta da UEB dizendo que eles estavam tentando fazer o registro direto na sede nacional e o que eu achava. Como não sabia do que se tratava procurei me informar com o regional anterior e fiquei sabendo da historia.
Era um Grupo Escoteiro com mais de 300 jovens. Tinha meninos e meninas (proibido na época, só as bandeirantes podiam ter meninas). Também tinham um uniforme diferente e não aceitavam a disciplina da UEB. Como gostava de resolver tudo diretamente (olhos nos olhos, pois era jovem e afoito) resolvi ir até a cidade dos escoteiros “diferentes”. Fui de ônibus, sai pela manhã, três horas de viagem. Claro mandei um ofício comunicando minha ida e pedindo se possível uma reunião com o Chefe do Grupo e depois com os demais chefes.
Qual a minha surpresa, pois o ônibus me levou até uma praça, onde havia uma festa. Assim pensei. A praça cheia, banda de música, um palanque para onde me levaram e aí vi que a festa era eu. Gente a Bessa. O prefeito, o juiz, o delegado, a promotora (esposa do "Chefe") e mais uma “pá” de autoridades. Foguetes, palavrórios e vi surpreso vários batalhões de escoteiros e escoteiras. Centenas deles. Calça comprida marrom, sapato preto, camisa caqui e boina tipo Montgomery. O lenço lindo. De seda, verde e amarelo com o cruzeiro do sul bordado atrás. Comecei a entender o porquê não registravam. Depois do desfile com uma apresentação de gala que faria inveja a muitos militares (tinham uma fanfarra espetacular!) fui levado até um clube onde serviram um almoço para mais de 200 pessoas. Mais discursos.
Impossível falar com o Chefe do grupo. Ele era o Juiz de Menores da cidade. Tinha uma força tremenda. E claro mostrando que era também o todo poderoso da cidade junto à juventude. Iria retornar no próprio sábado e não tive remédio. Voltei pensando o que deveria fazer. Fiz um ofício. Para o Chefe do grupo, com cópias para a UEB, o prefeito, o delegado, o juiz e para o Governador do Estado. Simples. Explicava curto e grosso como era o uniforme, cursos, (me oferecia para ir lá dar os cursos) e só então poderíamos pensar em registro. Uma pressão enorme na UEB. Não abri mão. Ou era assim ou me dá meu boné que estou indo.
Passou oito meses. Tudo se normalizou. Convidaram-me para a renovação de promessa. Mais de 300 meninos (as meninas agora eram bandeirantes) todos de caqui e chapelão. O que dizer? Um passo dado um passo alcançado. Iria por etapas.
Aceitamos o registro. O grupo durou oito anos. Não sei o porquê acabou. Muitos chefes chegaram a receber o anel de Gilwell. Porque contei esta historia? Não sei, ou melhor, quem sabe por que tínhamos normas estatutárias que eram obedecidas. O POR era levado a serio. Vestir o uniforme era uma honra de poucos. Hoje? Melhor não entrar nesta seara. Nem todos devem pensar como eu. É um direito. Tenho que aceitar.
Que façam o que quiserem do uniforme. Que usem o lenço pendurado no tal do traje. Que venha o novo seja uniforme ou traje. Que os chefes sejam felizes em usar o que quiserem. Calo-me agora, dizem que em “boca fechada não entra mosquito”.
Um adendo – Devem notar que só publico aqui fotos em que acredito estarem os escoteiros bem uniformizados. Principalmente de outros países. Lá eu vejo que o uniforme para eles é sagrado. Sempre se apresentado com garbo e boa ordem. Mas isto não tira o mérito de muitos brasileiros que tem grande espírito Escoteiro e amam o escotismo como eu. Fim! 

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