Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 11 de maio de 2012

A Vaca malhada do “seu” Lindolfo da Maria



A Vaca malhada do “seu” Lindolfo da Maria
 Dizem que historias acontecem com todos nós. E claro sempre procuramos dar uma conotação diferente quando contamos para alguém. A verdade absoluta nem sempre vem à tona, mas contar o real será que vale a pena? Se for assim melhor não continuar. Irão dizer – O Escoteiro tem uma só palavra! Claro que sim. Mas historias? Contos? Fábulas? Lendas? Sem uma pitada do incrível ou inacreditável acho que não teria graça. Assim sou eu. Gosto de contar histórias. Gosto de fazer as pessoas sonharem que poderiam estar lá, nas frases que escrevo no real ou imaginário não importa. Afinal quem não gosta de sonhar?
Nosso "Chefe" Escoteiro conheceu o “seu” Lindolfo da Maria em um mês de maio durante uma competição de cantorias, chamadas de “repentes” onde os cantadores cantam versos com perguntas ou provocações. Uma peleja gostosa onde vence sempre o cantor que cria os melhores repentes.


Minha verdadeira mãe, Maria restauradora.
Dai-me boa inspiração És a minha protetora
Sou poeta dos repentes Sou Lindolfo da Maria

Com frase lasciva ou lúbrica, contra mim, quem vier, cai.
Tenho feito cantor sábio. Me chamar de mestre e pai.
Vou botar você em canto. Que morre doido e não sai.

Isto mesmo, assim começou uma grande amizade entre nosso "Chefe" Escoteiro e o “seu” Lindolfo da Maria. Mas chega de entretantos e vamos aos finalmentes, pois o “causo” aqui é da Vaca Malhada do “seu” Lindolfo da Maria. Um convite para conhecer seu sítio e lá foi nossa Patrulha a primeira a aventurar por aquelas bandas, por sinal já desejado por nós. Derribadinha, um lugarejo as margens da estrada de ferro com menos de quinhentas almas. Chegamos cedo, por volta das onze da manhã no rápido da Estrada de Ferro Vitória Minas. Pergunta aqui e ali e menos de uma hora depois chegamos. Recebeu-nos efusivamente.
Encontramos um bom local junto a um bambuzal, com aqueles tipos enormes, grossos e até me lembrei de uma pesquisa que fiz de onde surgiu a palavra bambu. Há indícios de que a palavra bambu tenha origem no forte barulho provocado pelo estouro dos seus colmos quando submetidos ao fogo, “bam-boo!”. No Brasil, para denominar esta planta, os indígenas empregavam, entre outras, as palavras taboca e taquara. Mas voltemos ao local escolhido. Um riacho gostoso, uma plantação de mandioca, belos pés de goiaba, vários de mamão papaia enfim, um sonho de qualquer Patrulha Escoteira.
No primeiro dia foi aquele corre, corre da preparação do campo. A noite uma lua enorme “bunita qui nem um queijo” nos deixou alegre em ver toda a campina a nossa volta com alguns animais pastando aqui e ali. Mas este foi um acampamento curto. Muito curto mesmo. Sem muitas histórias para contar. Por quê? Acordamos de madrugada com nossa barraca sendo sugada! Isto mesmo, sugada! Acordei e vi uma boca enorme em minha direção. Um monstro! Dei um berro e todos acordaram com ele. Saímos correndo em desabalada carreira.
De longe ficamos olhando o que era a tal “assombração”. Não deu para ver. O acampamento da Patrulha desapareceu. Um medo terrível se apossou de nós. Era melhor procurar o “seu” Lindolfo da Maria. Acordou um pouco assustado. Quando contamos ele riu a beça. Não se preocupem, esqueci-me de avisar, deve ter sido a Vaca Malhada. Ele sempre faz isto. Dizem que ela tem uma boca enorme. Vamos até lá, pois ela come de tudo. Dito e feito. O acampamento era um desastre. A danada da Vaca Malhada destruiu tudo. Juntamos o que podíamos e fomos dormir no pequeno seleiro do “seu” Lindolfo da Maria.
No dia seguinte vimos que tudo fora destruído. “Maldita” vaca pensei comigo. Mas faz parte. Aprendemos que uma pequena cerca de cipó ou sisal poderia ter ajudado. Esquecemo-nos de fazer. Não foi um grande acampamento, mas ao amanhecer resolvemos fazer companhia ao “seu” Lindolfo da Maria em sua lida no campo. Éramos sete e nos divertimos na curralama em tirar o leite, em separar a bezerrada, e até eu resolvi “campeá-los” um pouco. Ficamos lá por mais um dia. No final juntamos o que sobrou e sem chorar pela perda voltamos. Dispostos é claro a conseguir de novo tudo que perdemos.
Assim é a vida, perde aqui, ganha ali. Nada deve ser eterno e nem pode ser. Um dia volto lá e vou desafiar o “seu” Lindolfo da Maria para uma peleja gostosa de repentes, pois quando cresci aprendi muito. Nas rodas a noite dos fogos de conselho, lá estava eu a desafiar no Quebra Coco. Claro, perdi muitos desafios, mas ganhei outros tantos, afinal não era assim que começava?

“Amigos aqui presentes, hoje estou um pouco rouco,
“Mas é bom ficar sabendo, sou campeão no Quebra Coco”!

Quebra coco, quebra coco, na ladeira do Piá, 
Escoteiro, quebra coco, e depois vai trabalhar.

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